domingo, 22 de março de 2015

Quem Ama Não Mata

destaque

Ao invés da tradicional pergunta, "quem matou?", a minissérie Quem Ama Não Mata, exibida pela Rede Globo nos anos 80, começava com uma pergunta: "quem morreu?". Pois foram necessários 20 capítulos até o telespectador descobrir quem era o assassino e quem havia sido morto. Somente havia duas opções: Jorge (Cláudio Marzo) ou Alice (Marília Pera). A dúvida persistiu até o último momento, já que o autor Euclydes Marinho conduziu a história de tal forma que ora pensava-se que o assassino era Jorge, ora imaginava-se que era Alice. Desta forma, o autor conseguiu que o telespectador ficasse ligado para saber o que tinha acontecido de verdade, já que a história era narrada em flashback.
Foram gravados dois finais e somente no último instante é que o diretor da minissérie Daniel Filho decidiu pelo final que foi ao ar. Mas, por que a história teve esse trágico fim? Afinal, aparentemente Jorge e Alice pareciam um casal perfeito. Só que o casamento começa a sofrer um desgaste quando após oito anos de casados, o dentista Jorge e a dona de casa Alice não conseguem ter filhos. Jorge descobre que é estéril, mas não conta a Alice, que sofre por não conseguir engravidar. Com o tempo a relação entre os dois vai piorando, principalmente porque não há diálogo entre o casal, e eles chegam a brigar, a partir para a agressão física. Jorge e Alice chegam a se separar, mas retomam o casamento. No final, durante uma briga, Jorge atira em Alice, que morre.
Como Quem Ama Não Mata foi exibida no horário das 22h, era possível apresentar um texto mais denso, carregado nas emoções. A violência entre casais e o ciúme obsessivo estavam entre os principais assuntos que foram abordados na minissérie, cujo título era alusivo a uma frase que foi pichada nos muros em protesto pelo assassinato da socialite Ângela Diniz, morta a tiros por seu companheiro Doca Street, em 30 de dezembro de 1976. Até hoje o assassinato de Ângela Diniz é um dos mais lembrados quando o assunto é crime passional.

Além da trama de Jorge e Alice, foram abordadas na minissérie outras quatro histórias de casais. Cada história tinha uma visão diferente sobre o casamento, amor e fidelidade. Em uma determinada trama, por exemplo, a relação de confiança de um casal é abalada quando o homem descobre a traição da mulher. Em outra história, um casal vive brigando porque o marido ciumento vigia a esposa, e ela, que é uma pessoa alegre e expansiva não aceita as crises de ciúmes do marido. Já em outra trama, o homem quer casar, mas a mulher quer manter a sua independência. E, por fim, existe a história do casal que já vive há muitos anos juntos e acredita que um casamento duradouro é possível.
Em 1982, quando Quem Ama Não Mata foi ao ar, a sociedade ainda se escandalizava com histórias de casais que se amavam, mas viviam em casas separadas. E essa é a história de Laura (Suzana Vieira), irmã de Alice, e Raul (Paulo Villaça). Depois de ter sido casada duas vezes e ter tido duas filhas, Júlia (Denise Dumont) e Ângela (Monique Curi), com as quais tem um relacionamento tumultuado, Laura nem pensa em se casar com Raul, que também já teve outros relacionamentos amorosos. Assim, enquanto que Laura quer manter a sua independência, Raul quer um relacionamento tradicional, pois acredita que o casamento é a única opção possível para a felicidade dos dois.
Ao descobrir uma traição, o homem é capaz de perdoar ou a separação é inevitável? Ficar junto ou se separar é o que o casal Júlia (Denise Dumont) e Chico (Daniel Dantas) precisam decidir. Afinal, apesar de amar Chico, Júlia se envolve com Lucas (Buza Ferraz), provocando assim o estremecimento da relação com o namorado. Eles precisam encontrar uma forma de superar e fortalecer a relação que ficou abalada. Por isso, apesar de brigarem, e discutirem, eles acreditam que o diálogo é fundamental, que a sinceridade e a franqueza devem prevalecer. Só assim, portanto, o casal conseguirá resolver os seus problemas conjugais.
O amor pode sobreviver ao ciúme? No caso de Odete (Tânia Sher) e Fonseca (Hugo Carvana) parece que sim. As brigas são constantes, pois Fonseca é um homem ciumento ao extremo, e Odete odeia ser vigiada pelo marido. Mas, os dois sempre se amaravam e, por isso, apesar dos altos e baixos continuam levando a vida, e acreditando que possam seguir juntos por muitos e muitos anos.
Será que pode haver um casamento duradouro? Os pais de Alice e Laura, o general Flores (Dionísio Azevedo) e Dona Carmem (Norma Geraldy), sempre acreditaram que sim, que isso é possível. O casal tem um casamento tranquilo e feliz, e não entende como as filhas podem ter tantos problemas em seus relacionamentos. No entanto, apesar de não compreender o estilo de vida de suas filhas, o general Flores e Dona Carmem estão sempre dispostos a ajudar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Formulário de contato

Nome

E-mail *

Mensagem *