Havia uma regra nos anos 80 que era seguida à risca por crianças, jovens e adultos: no horário certo, todos se reuniam em frente a televisão para se divertirem com as trapalhadas do quarteto de comediantes Os Trapalhões formado por Didi, Dedé, Mussum e Zacarias. Com seu humor ingênuo, o quarteto conquistou uma legião de fãs que até hoje sentem saudades das brincadeiras e aventuras vivenciadas por eles.
No entanto, apesar de Didi, Dedé, Mussum e Zacarias terem sido os mais famosos de Os Trapalhões, tudo começou em 1966, com um quinteto formado por Renato Aragão (Didi Mocó), Manfried Sant´Anna (Dedé), o cantor Wanderley Cardoso, o cantor e ator nas chanchadas da Atlântida, Ivon Cury e o lutador e astro dos programas de telecatch, Ted Boy Marinho. Eles estrearam na TV Excelsior de São Paulo com o nome de Adoráveis Trapalhões. Com a saída de Wanderley Cardoso, Ivon Cury e Ted Boy Marinho, entraram posteriormente, Roberto Guilherme, Antônio Carlos Bernardes Gomes (Mussum), integrante do grupo Os Originais do Samba e Mauro Faccio Gonçalves (Zacarias).
Além da extinta TV Excelsior, o quarteto trabalhou na TV Record (Os Insociáveis) e na extinta TV Tupi (onde adotaram o nome Os Trapalhões). Na Record o grupo era formado por Didi, Dedé, Roberto Guilherme e Mussum. Quando eles se transferiram para a TV Tupi, Zacarias se juntou ao grupo.
Por causa da alta popularidade do grupo, a Rede Globo se interessou pelos humoristas, mas Renato Aragão pensou que eles não teriam tanta liberdade na nova emissora como tinham na TV Tupi e fez uma série de exigências. Todas foram aceitas e Os Trapalhões foram para a Rede Globo em 1977, inicialmente para participar de dois especiais na Sexta Super chamados de "Os Trapalhões – Especial". O público aprovou a comédia pastelão, que era voltada para o público adulto devido ao horário de exibição do programa. Devido ao sucesso, eles ganharam um programa semanal aos domingos antes do Fantástico.
O programa era formado por esquetes, ou seja, por quadros de humor sem qualquer conexão um com o outro. Alguns quadros eram fixos, como o Trapaswat, uma paródia bem-humorada do seriado americano SWAT. Também eram exibidas atrações musicais. Aliás, muitas músicas de sucesso recebiam paródias. Até hoje muitos fãs se lembram dos clipes com a paródia de músicas como "Teresinha", de Chico Buarque. Ou então da performance de Didi Mocó ao imitar o cantor Ney Matogrosso, se apresentando com figurino e maquiagem idênticos ao do cantor. Elba Ramalho, Amelinha, Maria Bethânia e Tony Tornado foram outros artistas que foram homenageados com paródias de suas músicas.
O humor ingênuo foi conquistando cada vez mais o público infantil. Em 1981 os humoristas alcançaram grande repercussão devido ao sucesso dos filmes de Os Trapalhões no Festival de Berlim, e tanto o público quanto os críticos elegeram o quarteto como os principais representantes nacionais da comédia infanto-juvenil.
Em 1982 houve uma reformulação no programa e o público passou a acompanhar a gravação de alguns quadros no Teatro Fênix, no Rio de Janeiro. Os esquetes eram encenados como se fosse um programa ao vivo, com o mínimo de pausa para a mudança de cenários e figurinos. As improvisações do grupo eram cada vez mais constantes e o público adorava. Os erros de gravação, muitas vezes derivados dos "cacos" (improvisações que levavam o elenco às gargalhadas) passaram a ser exibidos no final do programa. No ano seguinte, além dos tradicionais esquetes isolados, as principais comédias teatrais foram adaptadas para o humor do programa. Gravações externas e de shows mensais com a participação do público passaram a fazer parte do programa.
O rompimento dos Trapalhões em 1983 deixou o público abalado. Dedé, Mussum e Zacarias romperam com a Renato Aragão Produções, empresa que cuidava dos negócios do grupo, e formaram sua própria empresa (Demuza). Dedé, Mussum e Zacarias deixaram o programa e Renato Aragão seguiu no comando. Felizmente, a separação durou pouco tempo e seis meses depois eles voltaram a se reunir. O programa que anunciou o retorno do quarteto foi especial e teve a participação de Chico Anysio. Imagens de arquivo relembraram o início da carreira do grupo, seus sucessos no cinema e momentos marcantes na televisão. Em seguida, entraram no palco Renato Aragão, Dedé Santana, Mussum e Zacarias para anunciar que estavam de volta.
Em 1984, o número de quadros do programa aumentou bastante (cerca de 20 por semana) assim como as cenas externas e no ano seguinte, Os Trapalhões foram para Los Angeles, nos Estados Unidos, onde gravaram uma série de 14 episódios. Em 1986, o público infantil começou a ganhar mais atenção e os quadros eram criados especificamente para as crianças. Os esquetes eram mais rápidos, menores e havia um número maior de quadros que reuniam os quatro. Atores do elenco da TV Globo constantemente eram convidados a participar do programa.
Em 1987, Os Trapalhões completou 20 anos. Foram inseridos no programa humorísticos musicais, com a presença de cantores convidados e quadros inéditos. No ano seguinte, o programa era ainda mais voltado ao público infantil, onde foram criadas brincadeiras, atrações e quadros voltados para essa faixa-etária. Em 1988, a atração passou a ser ao vivo, com a participação do auditório e as gravações ocorriam no Teatro Fênix. O programa incluia ainda os quadros que eram gravados em estúdio porque necessitavam de efeitos especiais.
O início da década de 1990 foi de tristeza para grupo e para o público em geral. No dia 10 de março de 1990, morria Mauro Gonçalves, o intérprete de Zacarias, de insuficiência respiratória. Com a continuação do programa, este sofreu alterações. Ele foi dividido em duas partes: a primeira apresentava shows musicais e esquetes de humor em que Didi, Dedé e Mussum contracenavam com vários comediantes convidados. O cantor Conrado e a ex-Paquita Andréia Sorvetão se juntaram aos Trapalhões nessa época. Na segunda parte, a atenção era voltada para as aventuras que aconteciam no Trapa Hotel, onde trabalhavam Didi, Dedé e Mussum, além de outros personagens como Divino (Jorge Lafon) Sorriso (Tião Macalé) e Batatinha (Roberto Guilherme). A atriz mirim Duda Little também participava do programa.
Outras mudanças ocorreram ao longo dos anos: em 1991, era mostrado um bairro típico de qualquer cidade grande, onde aconteciam shows de cantores convidados e novos quadros; em 1992 estreou a Vila Vintém (histórias passadas em uma rua de subúrbio) e a Agência Trapa Tudo; e, em 1993, a plateia foi abolida e os esquetes deixaram de ser pontuados pelas risadas da claque.
Em 1994, Os Trapalhões sofreram outro baque com a morte de Antônio Carlos, que interpretava Mussum, em decorrência de problemas no coração. O programa continuou por algum tempo, mas depois Renato Aragão decidiu que era hora de parar. Assim, até 1995, quando Os Trapalhões voltaram ao ar, foram exibidas apenas reprises em versões compactas de 25 minutos com os melhores momentos dos Trapalhões desde a estreia em 1977. O programa era exibido de segunda a sexta, às 17h.
A reestreia de Os Trapalhões em 1995 foi nas tardes de domingo. Num palco fixo de 360°, Didi e Dedé organizavam brincadeiras com a plateia e recebiam artistas convidados. Também eram exibidas reprises dos melhores momentos. Terezinha Elisa e Roberto Guilherme eram as Didicas, assistentes de palco que também recepcionavam os convidados. Em julho de 1995 estreou o quadro Plantão Trapalhão, onde personalidades eram entrevistadas por Alessandra Aguiar. Em agosto Didi e Dedé estrelavam versões bem-humoradas de clássicos infantis e esquetes junto com humoristas como Tom Cavalcante e Eliezer Motta. O quadro não durou muito tempo, já que naquele mesmo mês o programa deixou de ser exibido definitivamente.
Em julho de 1981, para comemorar os 15 anos de exibição na Rede Globo, foi apresentado o especial Os Trapalhões – 15 anos. O programa ficou durante oito horas no ar e contou com a participação de quase todo o elenco da TV Globo, além de jornalistas e músicos convidados. Na ocasião foi feita uma campanha em favor dos portadores de deficiência visual, promovendo a doação de córneas.
Para comemorar os 20 anos do grupo, foi realizado o especial 20 Anos Trapalhões – Criança Esperança, em 28 de dezembro de 1986. O programa foi dedicado à Campanha do Menor Carente. Com início às 11 da manhã e transmitido ao vivo do Teatro Fênix, no Rio de janeiro, o programa se estendeu por nove horas. Ao todo foram exibidos 28 blocos nos quais eram exibidas vinhetas sobre os direitos das crianças, documentários sobre experiências de apoio e recuperação de menores de rua e um balanço das doações da campanha. A partir de 1986, e até hoje vai ao ar o especial Criança Esperança.
As bodas de prata de Os Trapalhões também foram comemoradas no especial Os Trapalhões – 25 Anos, em 1991. Foram 25 horas de duração, com início no sábado dia 27, a partir de uma matéria do Jornal Nacional e término no fim da noite do dia 28, no Teatro Fênix. Durante o especial foram lançadas campanhas de conscientização sobre os direitos da criança, com arrecadação de donativos para as obras do Unicef.
Didi (Renato Aragão) – Didi Mocó Sonrisépio Colesterol Novalgino Mufumbbo era um esperto cearence. É o líder do grupo e o alvo preferido de seus três companheiros que sempre armam situações para prejudicá-lo. No entanto, Didi vira o jogo e sempre se dá bem, seja enfrentando inimigos ou as armações de seus companheiros. Por ser um retirante nordestino, ganhou apelidos como "cardeal", "cearense", "cabecinha" ou "cabeça-chata".
Dedé (Manfried Sant´Anna) – O mais sério do grupo. Era considerado o cérebro dos Trapalhões. Didi desconfiava e ironizava a masculinidade de Dedé e o chamava sempre de "Divino".
Mussum (Antônio Carlos) – Carioca, Mussum se orgulhava de suas origens mencionando sempre o Morro da Mangueira, uma comunidade do Rio de Janeiro, onde nasceu. Bem-humorado, ele adorava beber cachaça ou "mé", como ele a chamava. Empregava o "is" no final de quase todas as palavras e seus bordões ficaram famosos, como "cacildis" e "forévis". Por ser negro recebia muitos apelidos como "azulão" ou "cromado", além de "Mumu da Mangueira".
Zacarias (Mauro Gonçalves) – Tímido e baixinho, Zacarias era um mineiro com personalidade infantil. Tinha a voz fina, como a de uma criança. Zacarias era careca e usava uma peruca em cena. Durante o programa, com frequência os outros Trapalhões arrancavam a peruca sem avisar Zacarias.
Coadjuvantes:
Muitos atores participaram como coadjuvantes no programa Os Trapalhões. Confira o principal elenco de coadjuvantes devido aos vários anos de participação no programa.
Roberto Guilherme – sempre interpretou papéis antagonistas. Seu personagem mais famoso foi o Sargento Pincel, que comandava os "soldados" Trapalhões num quartel de exército.
Ted Boy Marinho – lutador de luta-livre com sotaque espanhol.
Carlos Kurt – representava vilões, valentões e outros personagens inimigos dos Trapalhões. Era apelidado por Didi como "bode louro", "alumão" (alemão) e "macarrão de hospital".
Tião Macalé – um dos mais famosos coadjuvantes. Negro, sua marca registrada era o sorriso sem-dentes e a frase "Nojento!" "tchan!".
Dino Santana – irmão de Dedé Santana. Dino era mais um extra, pois nunca teve um personagem fixo. Sempre fazia personagens anônimos, que nunca ganharam destaque.
Felipe Levy – interpretava papéis de chefia. Chamado de "queijo-com-barba" por Didi por causa de sua pele muito branca e por ter cavanhaque.
Também fizeram parte do elenco de Os Trapalhões: Álvaro Aguiar, Andréa Faria, Angelito Mello, Augusto Olímpio, Aurimar Rocha, Bia Seidl, Carlos Eduardo Dolabella, Carlos Leite, Catalano, Catita Soares, Cláudio Lisboa, Colé, Darcy de Souza, Dary Reis, Dayse Benvolff, Denny Perrier, Dilma Lóes, Eduardo Conde, Eliana Ovalle, Érica Nunes, Esmeralda Barros, Fernando Multedo, Fernando Reski, Glória Costa, Gilliane, Humberto Freddy, Iran Lima, Isaac Bardavid, Jandir Motta, Jece Valadão, Jorge Cherques, Jorge Lafond, Lady Francisco, Lúcio Mauro, Luiz Armando Queiróz, Manoel Vieira, Marcelo Barauna, Mariette, Marilu Bueno, Marli Mendes, Marta Bianchi, Marta Pietro, Maurício do Valle, Monique Evans, Nelson Caruso, Olney Cazarré, Osmar Prado, Paulo Figueiredo, Paulo Nolasco, Paulo Rodrigues, Pepita Rodrigues, Roberto Lee, Rossane Campos, Sandoval Motta, Sandra Barsotti, Selma Lopes, Silvia Massari, Silvino Neto, Sônia Maria, Terezinha Elisa, Waldemar Rocha e Walter Stuart.
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