No Brasil o NES (Nintendo Entertainment System) só foi lançado oficialmente em 1993 pela Playtronic (uma fusão das empresas Gradiente e Estrela), mas as vendas foram insignificantes. Isso se deve ao fato de que na verdade oNintendinho já era comercializado por aqui de forma não oficial desde os anos 80. A própria Gradiente já havia lançado o Phantom System, que era um clone do NES e rodava os mesmos jogos do videogame original. Diversos outros clones inundaram o mercado nacional como o Bit System, Dynavision (que teve a versão II e III), Hi-Top Game, Top Game e outros.
Além disso, quando o NES foi “lançado” oficialmente por aqui (com um atraso de 8 anos), os consoles de 16-Bits já davam as caras e iIronicamente a própria Playtronic começava a vender o SNES. Desconfiamos que a comercialização do NES oficial foi apenas para mostrar à Nintendo que apesar da clonagem descarada de seu videogame, as empresas brasileiras estavam prontas para representá-los. O alvo verdadeiro era o SNES.
Porém, nós fomos muito felizes jogando os jogos de NES nos clones brazucas, principalmente no Phantom. O sistema foi carinhosamente apelidado de Nintendinhopelos gamers brasileiros de uma geração que teve o privilégio de presenciar e participar do renascimento da indústria de games. A importância que o Nintendinho teve para essa geração e para a indústria dos videogames simplesmente não pode ser mensurada.
Alguns poucos afortunados tinham o NES oficial da Nintendo importado. Além de ser caríssimo para o poder aquisitivo da época, o console dava muitos problemas. Os "riquinhos" que tinham o NES importado acabavam virando alvo de chacota, primeira por causa da inveja dos amigos, depois porque realmente os consoles viviam dando zica.
O Phanstom System
O Gradiente Phantom System pode ser considerado o primeiro Nintendinho brasileiro. Mas na verdade ele não foi licenciado pela Nintendo, o que o tornou um clone do NES. O certo seria chamá-lo então de o primeiro clone do NES no Brasil.
A história é cheia de percalços, mas resumidamente a Nintendo não tinha interesse de vender o NES no Brasil, pois achava que não tinha mercado. Mas na verdade havia uma legião de órfãos do Atari e os poucos NES importados que existiam no Brasil já criavam um enorme alvoroço.
A Gradiente tentva fabricar um novo videogame na época (1986), o Atari 7800. Mas quando executivos da empresa foram visitar a Atari americana, viram que o NES estava tomando o mercado americano de assalto. A Gradiente chegou a produzir mais de 3 mil carcaças para o Atari 7800 em Manaus, mas parou a produção e esperou pra ver o que aconteceria. O Atari 7800 sucumbiu nos EUA e a saída para a Gradiente foi estudar o hardware do Nintendo Entertainment System.
Os engenheiros da Gradiente clonaram o NES e enfiaram o hardware dentro da carcaça que seria destinada ao Atari 7800. Estava criado o Phantom System! O controle teve que ser refeito também e já que era pra copiar, a empresa pegou "emprestado" o design do controle de um certo projeto japonês, o MK-1601. Para quem não conhece, esse era o codinome do Mega Drive, que seria lançado alguns anos depois.
A Gradiente teve uma outra sacada genial. O filme Os Caça-Fantasmas fazia um sucesso fenomenal em 1988. Resolveram colocar o jogo à venda com o Phantom e estava criada a campanha de marketing do lançamento. Em maio de 1988 o Phantom System era lançado, fazendo um sucesso muito maior do que o esperado.
Apesar de ser um clone do NES, o Phantom System era console muito bom. O único problema do projeto era o fio da fonte. O material era ruim e se não houvesse um certo cuidado ele quebrava por dentro, começando a dar mal contato. Às vezes no meio de uma partida.
O Phantom possuía o mesmo hardware de 8-Bits da Nintendo. A entrada dos cartuchos acompanhava o padrão do console americano de cartuchos de 72 pinos. No Japão, terra original do NES, o console se chamava Famicom e tinha entrada para cartuchos de 60 pinos. Foi lançado um adaptador para o Phantom para os usuários usarem os jogos japoneses.
Além do console não licenciado, a Gradiente também lançou alguns jogos não licenciados no Brasil. Mario Bros. virou Super Irmãos, mas era comum ver cartuchos de jogos como Gauntlet, Predator e o Ghostbusters lançado com o console com o logo do Phantom.
Enfim, o Phantom System inaugurou a onda de clones do NES no Brasil. O console fez um enorme sucesso, ressuscitando o mercado de games por aqui também, como a Nintendo havia feito no Japão e EUA. A legião de fãs lembram do console até hoje com muito carinho e sentem saudades dos dias que que passaram se divertindo com ele.
Depois do catastrófico “crash” de 1984, o futuro dos videogames parecia sombrio. As companhias que fabricavam consoles e jogos faliram ou ficaram mal das pernas. Enquanto isso os computadores pessoais (na época chamado de home computers) ficavam cada vez mais populares. Parecia realmente o fim.
Depois do crash, apenas duas empresas continuaram a fazer esforços para que a indústria dos videogames não morresse para sempre: a INTV (a empresa dona da marca Intellivision) e uma certa empresa japonesa chamada Nintendo, que mudaria de vez o destino dos games mundialmente.
A Nintendo começou sua história em 1889 fabricando cartas (como cartas de baralho) e outras coisas ao longo do tempo, sempre se adaptando. Só começou a voltar sua atenção para os games no começo da década de 80. A empresa mal começou a produzir jogos e conseguiu fazer clássicos como Donkey Kong e Mario Bros. O primeiro console da Nintendo se chamava Famicom (FAMIly COMputer) e em apenas uma ano de lançamento vendeu 2,5 milhões de unidades no Japão. Depois que as negociações com a Atari de lançar o Famicon nos EUA não deram certo, a Nintendo decidiu lançar o console por conta própria em 1985, ignorando o crash de 84 e o decorrente mercado fraco de games.
Vender o Famicom para as lojas americanas não foi fácil. A maioria estava hesitante em comprar consoles de games depois do crash do mercado inteiro há menos de um ano. Então a Nintendo tomou medidas para mascarar o console como um computador ou video-cassete (VCR). Eles trocaram o nome de Famicom nos Estados Unidos porNintendo Entertainment System (Sistema Nintendo de Entretenimento) redesenhando o console para parecer menos com um videogame. Como última cartada a Nintendo concordou em comprar de volta os consoles que não fossem vendidos. O novo videogame tinha data de lançamento em solo americano prevista para a primavera de 1985, mas por conta de todas essas artimanhas da Nintendo e testes com o público (principalmente em Nova Iorque) o NES só foi lançado em fevereiro de 1986 nos EUA.
A Nintendo lançou o NES em dois pacotes diferentes: um custava $249 e vinha com o R.O.B. (Robotic Operating Buddy), dois controles, uma lightgun, Gyromite (um jogo para o R.O.B), Duck Hunt e Super Mario Bros.; o outro pacote custava $199 e vinha com dois controles e Super Mario Bros. O lançamento foi um enorme sucesso e logo o NES estava vendendo mais que seus concorrentes diretos, o Intellevision, o Master System da SEGA e o Atari 7800. Muito mais na verdade, numa proporção de 10 para 1.
A Nintendo analisou bem os erros de seus predecessores e institui um licenciamento restrito e rigoroso dos jogos produzidos por outras empresas. Essa medida ajudou a prevenir a saturação do mercado com centenas de jogos de péssima qualidade, fato esse que foi o principal responsável pelo crash do mercado de games.
A Nintendo prometeu o lançamento de um disk drive para o NES americano no natal de 1986, mas ele nunca foi lançado. O Famicom, versão nipônica do NES, recebeu o disk drive mas o periférico não obteve o sucesso esperado.
A Nintendo prometeu o lançamento de um disk drive para o NES americano no natal de 1986, mas ele nunca foi lançado. O Famicom, versão nipônica do NES, recebeu o disk drive mas o periférico não obteve o sucesso esperado.
Ao final da década de 80 o NES já tinha se estabelecido como o mais popular videogame produzido até o momento, influenciando a vida de milhões de gamers americanos e japoneses. A Nintendo governava seu império com mão de ferro, contolando publicidade, distribuição, produção e preço. Vendedores que vendiam jogos sem licenciamento ou cobravam preços mais baixos eram ameaçados ou tinham suas entregas canceladas. Essas táticas deram origem a vários processos e investigações da Comissão Federal do Comércio. Com o começo da década de 90, a Nintendo foi ameaçada pelos consoles da geração de 16-Bits. TurboGrafx-16 e Genesis chegaram botando banca, mas o NES continuava sendo o console mais vendido.
Mas a Nintendo não esperou pelo pior. Os games de NES já começavam a perder em termos de gráficos e sofisticação para os concorrentes, era apenas uma questão de tempo para que ele começasse a perder terreno pra eles. Era hora de uma nova arma e a Nintendo contra-atacou com o Super NES, lançado em setembro de 1991. Infelizmente o SNES não era compatível com o NES e os donos do Nintendinho começaram a questionar o suporte que seu videogame ainda receberia. Mas a Nintendo continuou lançando jogos para o NES, o que foi um movimento inteligente já que o começo das vendas do SNES não tinha sido espetacular.
Por incrível que pareça, a diferença de preço entre o NES e o SNES era de apenas 10 dólares em 1992, o que levou os consumidores a escolherem o SNES na hora da compra.
Por incrível que pareça, a diferença de preço entre o NES e o SNES era de apenas 10 dólares em 1992, o que levou os consumidores a escolherem o SNES na hora da compra.
Mesmo assim a Nintendo lançou o NES 2 em 1993. Era o mesmo hardware do Nintendinho, mas redesenhado para ser menor e mais estiloso, assim como mais barato. Ele foi lançado no natal por 49 dólares.
Como a Nintendo demorou para baixar o preço do NES, a base vendida de Super Nintendo havia crescido consideravelmente. A diferença de hardware e jogos também era abismal para a época, por isso a Nintendo resolveu concentrar seus esforços apenas no SNES e descontinuou a fabricação e suporte do NES em 1995.
Como a Nintendo demorou para baixar o preço do NES, a base vendida de Super Nintendo havia crescido consideravelmente. A diferença de hardware e jogos também era abismal para a época, por isso a Nintendo resolveu concentrar seus esforços apenas no SNES e descontinuou a fabricação e suporte do NES em 1995.
Mas no final, o NES havia vendido mais de 62 milhões de consoles e mais de 500 milhões de jogos, ratificando sua posição de maior videogame da história até aquele momento. Seus jogos se tornaram clássicos imortais, sendo jogados até hoje por meio de emuladores, Virtual Console da Nintendo ou mesmo de Nintendinhos de colecionadores.
Aspectos Técnicos do NES:
CPU: 8-bit 6502 NMOS (1.79MHz)
RAM: 2KB (16Kb), 2KB Video RAM
Colors: 52 (24 on screen)
Sprites: 64
Sprite Size: 8×16 pixels
Resolution: 256×240 pixels
Sound: PSG audio
RAM: 2KB (16Kb), 2KB Video RAM
Colors: 52 (24 on screen)
Sprites: 64
Sprite Size: 8×16 pixels
Resolution: 256×240 pixels
Sound: PSG audio
O NES contou com jogos realmente sensacionais: Super Mario Bros., Zelda, Contra, Dragon Warrior, Final Fantasy, Mega Man, Castlevania, Metroid, Punch-Out!! e muitos outros fazem uma linha de games clássicos que entraram para a história. Há quem diga (especilalmente fãs fervorosos), que este foi o melhor videogame já produzido por possuir os melhores jogos, verdadeiras lendas cultuadas até hoje, muitas delas ganhando "remakes" com tecnologia atual.
Embora a Nintendo contasse com uma política de licenciamento rígida, jogos de baixa qualidade também fizeram parte da lista de jogos do NES. O selo de qualidade Nintendo, que existe até hoje, servia mais para censurar os games, removendo qualquer conteúdo para adultos. Foi assim que os consoles e jogos da Nintendo começaram a ser taxados de infantis.
Outra característica interessante eram contratos obrigatórios que algumas produtoras eram obrigadas a assinar. Elas só podiam lançar seus games para Nintendo, prática que se tornou fundamental para ganhar a guerra dos consoles e que até hoje existe, os tais “jogos exclusivos” que forçam os consumidores a comprarem determinado videogame. Todo esse controle não impediu que piratas atacassem com tudo. Cartuchos multi-jogos eram lançados à granel e até jogos não licenciados pela Nintendo eram lançados a todo momento. Os piratas faziam aé ports de games famosos como Street Fighter II e Mortal Kombat!
Nos EUA, a Tengen (subsidiária da Atari e ex-licenciada da Nintendo) anunciou em 1988 que havia destravado o chip do NES. A intenção era distribuir os jogos do NES por conta própria. O chip impedia que games se um chip similar rodassem no console. A Nintendo obviamente processou a Tengen mas só ganhou a causa em 1991. Nesse meio tempo a Tengen publicou vários jogos, alguns bons, como Gauntlet e Pac-Man.
Outra empresa chamada Color Dreams Figured também desbloqueou o NES em 1989, mas de forma diferente. Eles conseguiram realizar um bypass no chip da Nintendo, escapando assim de cláusulas legais. Eles puderam então produzir os jogos e cobrar menos por eles, pois não precisavam pagar pelo selo de qualidade da Nintendo.
Mas os jogos eram péssimos e muitas lojas se recusavam em vendê-los por causa da pressão da Nintendo. A Color Dreams então resolveu mudar sua tática: trocou de nome para Wisdom Tree e começou a fazer jogos religiosos. Sunday Funday, Bible Buffet, Spiritual Warfare e Bible Adventures são alguns exemplos. Não é necessário reafirmar que todos eram um completo lixo…
A lista de games oficiais do NES quase chega a mil, mas com os não licenciados facilmente ultrapassa essa quantia. Mas mesmo com essa inundação de jogos horrorosos o NES deixou uma imagem inabalável de um console que mudou a história da indústria e deixou em seu rastro muitos jogos clássicos. Além de alguns games consagrados que já citamos, outros como R.C. Pro-Am, a série Ninja Gaiden, Blaster Master, Rygar e dezenas de outros games valem à pena serem jogados até hoje. A maioria dos games da Konami, Capcom e Codemasters são garantia de diversão. Mas evite os jogos da Color Dreams, T*HQ e Action Hi-Tech, a não ser que você goste de sofrer ou queira dar boas risadas.
Os jogos de NES mais vendidos:
- Super Mario Brothers (40 milhões de cópias)
- Super Mario 3 (approx 18 milhões de cópias)
- Super Mario 2 (approx 10 milhões de cópias)
- The Legend of Zelda (7 milhões de cópias)
- Teenage Mutant Ninja Turtles (4 milhões de cópias)
- Dragon Warrior 3 (4 milhões de cópias)
- Dragon Warrior 4 (3 milhões de cópias)
- Golf (2.5 milhões de cópias)
- Dragon Warrior 2 (2.5 milhões de cópias)
- Baseball (2 milhões de cópias)
10 jogos de NES que merecem a sua atenção:
- The Legend of Zelda
- Super Mario Bros. 3
- Contra
- Mega Man 2
- Mike Tyson's Punch Out
- Legend of Zelda 2
- Metroid
- Final Fantasy
- Super Mario Brothers
- Battletoads
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