Bola de gude, gude, bila, berlinde… são muitos os nomes dependendo da região do Brasil, mas vamos chamar de bola de gude pra facilitar as coisas. No Wikipedia tem uma lista enorme de nomes, que indicam tanto a bola de gude quanto alguns jogos praticados com elas: burquinha, burca, baleba, bila, biloca, bilosca, birosca, bolinha-de-gude, bolita, boleba, bolega, bugalho, búraca, búlica, búrica, bute, cabiçulinha, carolo, clica, firo, fubeca, guelas,marraia, nica, peca, peteca, pinica, pirosca ou mangalho, bolinha, piripiri, xingaua, kamikaze, ximbra e bolíndri. Ainda lembramos de outros nomes fora dessa lista, como gude e bolita.
Mas o que interessa é a diversão que as bolas de gude podem proporcionar. Existem vários tipos de jogos, mas nada impede que uma criança – ou adulto – exercite sua criatividade inventando mais formas de brincar com as bolinhas.
Bola de gude era uma das brincadeiras favoritas na década de 80 e embora fosse considerada “de meninos”, algumas meninas também arriscavam algumas matadas (minha prima mesmo era o capeta). As próprias bolas eram – e continuam sendo – um show à parte e variavam de tamanho, estilo e material. As mais comuns são as bolas de gude feitas de um tipo de vidro que permitia muitos efeitos coloridos, tornando-as bonitas e atrativas. Pena que eram as que quebravam mais facilmente. A bola de gude conhecida como Leitosa é fabricada com um material tipo mármore e tem maior durabilidade, mas na época eram mais difíceis de achar e mais caras. As bolas de gude maiores eram chamadas de bigolhão, buticão ou bigoião e são feitas dos mesmos materiais das anteriores, só são maiores mesmo.
Talvez bolas de gude sejam os artefatos que mais permitem variações de brincadeiras. Vamos tentar listar as regras das mais conhecidas, mas bola de gude é tão legal e criativo que dá pra sair inventando novas modalidades por causa de sua liberdade. A única restrição é sua imaginação. Se deixarmos alguma modalidade mais conhecida de fora, basta reclamar – e nos lembrar também!
muitas crianças que jogavam levando ao pé da letra essa história de “matar” as outras bolas, ou seja, se acertasse uma bolinha do adversário, podia ficar com ela pra sempre. O espaço usado para jogar pode ser limitado ou ilimitado, assim como o número de participantes e bolinhas no jogo. Isso tudo pode ser definido pelos participantes antes de começarem a jogar, por isso é o modo mais “livre”.
Basta escolher quantas bolinhas vão entrar no jogo, onde elas vão começar e daí sortear um jogador para iniciar. Basta ir acertando as bolas adversárias para ir tomando-as e continuar jogando. Errando, passa a vez pra outro.
Em outra versão coloca-se uma bola de gude maior no meio, e cada jogador deve acertá-la para depois um começar a “matar” o outro. Se errar, perde a vez.
Uma versão bem tradicional do mata-mata, com regras um pouco diferentes, é o Triâgulo, onde se desenha um triângulo no chão e cada participante coloca bolas de gude dentro. Sorteia-se quem começa jogando e o objetivo é acertar as bolinhas adversárias, tirando-as de dentro do triângulo. É permitido acertar as suas também, caso queira atrapalhar os concorrentes tirando suas bolinhas de perto.
Porém, você só fica com a bola de gude do adversário se retirá-la do triângulo e se a que você usou para atirar também ficar do lado de fora. A cada acerto, você toma a bolinha do adversário e pode continuar jogando, até errar ou sua bolinha parar dentro do triângulo.
Outras formas podem ser desenhadas no chão, como estrelas e círculos, mas as regras são as mesmas.
Essa modalidade tem que ser em chão de terra, onde dê para cavar três buracos. A distância entre eles pode ser combinada entre os jogadores, pode ser um palmo, um passo, etc. Os participantes que devem fazer um percurso de ida e volta no qual devem ir colocando sua bolinha de gude dentro de cada buraco. É permitido acertar as bolinhas dos adversários, afastando-as dos buracos para dificultar a vida deles. É legal também combinar antes de jogar se o vencedor vai ganhar bolas de gude dos adversários, e quantas. Em algumas regiões são cavados cinco buracos ao invés de três, geralmente sendo quatro em linha reta e o quinto no lado, formando um “L”. Quem chegar primeiro ao final do percurso, é o vencedor.
Mais uma vez, procure um terreno de terra ou chão batido. Areia também dá, mas fica menos divertido, pois as bolinhas não vão correr pelo chão. Cave no chão um círculo com aproximadamente 8 centímetros de raio. Posicione as bolinhas escolhidas por todos os adversários em um lugar combinado, mais afastado do buraco. Cada um fica com uma bolinha para atirar e acertar as suas. Vence quem colocar mais bolinhas de gude dentro do buraco. Dá para estipular quantas rodadas durará a partida, ou vencer quem colocar todas as suas bolinhas primeiro no buraco.
Uma variação é a imba, ou loca. Basta colocar uma bolinha dentro do buraco e cada jogador tem que acertá-la. Se acertar, ganha uma bola do adversário, quem errar, perde a vez.
Chão batido também é preferível aqui, embora dê para desenhar com um giz em um chão de pedra mesmo. Desenhe um semi-círculo como o nome sugere, coloque bolinhas dos jogadores dentro (o número pode ser combinado, assim como o tamanho do semi-círculo). Cada um tenta acertar uma vez, ganha quem tirar mais bolinhas de dentro do semi-círculo.
Enfim uma modalidade que foca melhor em areia da praia, mas uma caixa de areia em qualquer parque serve. É um estilo legal, mas que dá mais trabalho. Reúna os jogadores e decidam como será o circuito. Vocês devem construir um circuito bem estilo motocross, com subidas e descidas onde as bolinhas possam deslizar. Os obstáculos podem ser variados, como curvas bem fechadas, zigue-zagues, rampas, montinhos, paredes…o que sua imaginação criar. Cerque as laterais da pista toda com muros de areia, se não der, delimite com uma linha mais funda mesmo. O objetivo, claro, é chegar em primeiro ao final do circuito com o menor número de jogadas, com cada jogador jogando no seu turno apenas uma vez.
Quem acertar a bolinha fora da pista, é automaticamente eliminado. Se alguma bolinha for atingida e sair da pista, pode voltar na linha lateral, perto de onde saiu. Se todos os jogadores forem eliminados e sobrar apenas um, ele não precisa completar o circuito, é considerado o vencedor. Caso haja empate (no caso de alguém cruzar a linha de chegada com 10 jogadas, mas outro jogador cruzar logo em seguida com o mesmo número de jogadas), uma jogada extra feita a partir da linha de largada é feita. Vence quem acertar a bolinha mais longe na pista.
Ah, não é permitido jogar na contramão para tentar atrapalhar os adversários!
Bola de gude é uma brincadeira sem restrições para as crianças que começou, na verdade, há milênios atrás. Os primeiros relatos são de 3.000 a.C.- arqueólogos encontraram bolas de gude em túmulos egípcios da época!
Os romanos jogavam com nozes, avelâs, castanhas…tudo que desse para rolar pelo chão. No Brasil, a brincadeira foi trazida pelos portugueses, já com bolas de gude feitas de vidro. O nome gude vem do termo gode, que significa pequenas pedras arredondadas.
Tudo que é sucata de vidro pode virar bola de gude – lâmpadas queimadas, garrafas, em suma, qualquer vidro quebrado ou que não seja mais usado. Basta derreter o vidro e derramar em canos cortados. Enquanto o vidro escorre em gotas, vai tomando uma forma arredondada à medida que vai esfriando. Para dar efeitos mais coloridos, pode-se adicionar vidros de outras cores.
Jogar bola de gude ajuda a coordenação motora da criança, raciocínio, estimula sua criatividade e ajuda na socialização. Só tenha cuidado se for brincar com crianças menores, para elas não engolirem as bolinhas de gude.
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