Existe uma fórmula para a criação de um festival de música? Talvez. Mas o fato é que Roberto Medina inventou sua própria, e com ela realizou um dos maiores festivais do mundo. E fez isso quando esse sonho parecia quase impossível no Brasil.
O ano era 1985 e o país passava por grandes transformações. Após longo período sob uma ditadura militar, o país começava a dar os primeiros passos rumo à democracia. Foi nesse cenário que nasceu o Rock in Rio. Pela primeira vez um país da América do Sul sediou um evento musical desse tipo.
Valendo!
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A primeira edição do festival aconteceu na cidade que o batiza, o Rio de Janeiro, no bairro de Jacarepaguá. Em uma área de 250 mil metros quadrados foi construída a Cidade do Rock, o espaço que recebeu, durante 10 dias, 1.380.000 pessoas. A estrutura contou com um sistema de som e luz extremamente modernos para época. Aliás, foi no Rock in Rio que uma plateia de um grande show plateia foi iluminada pela primeira vez. O público já era parte do show.
No palco passou um verdadeiro “Hall of Fame” da música mundial. O line-up contou com nomes como Queen, AC / DC, James Taylor, George Benson, Rod Stewart, Yes, Ozzy Osbourne e Iron Maiden. Isso sem falar em algumas das principais estrelas nacionais, como Gilberto Gil, Elba Ramalho, Rita Lee e toda uma nova geração do rock nacional como Paralamas do Sucesso, Blitz, Kid Abelha e Barão Vermelho. Todos juntos dão o tom: esse é um festival de todos os estilos.
Aquela edição colecionou momentos históricos. Em uma deles Freddie Mercury (Queen) ficou tão impressionado com o coro espontâneo do público durante o hit “Love Of My Life”, que decidiu reger aquela bonita massa sonora. Não é de admirar que a própria banda tenha citado aquela experiência com um dos mais belos de sua história.
A partir de 1985, o Brasil entrou para o cenário de grandes shows mundiais. E isso foi só o começo. Nascia um gigante.
O Rock In Rio foi, provavelmente, o primeiro grande festival de música no Brasil a incluir atrações internacionais de peso. Alguns shows pontuais de gringos rolavam por aqui, mas o mercado se tornou mais viável após o pioneirismo do RIR. Permanece imensurável a importância desse evento para a cultura brasileira.
Os dez vídeos abaixo apresentam momentos históricos do festival - e também reforçam que, nem mesmo na primeira edição, era um evento dedicado apenas ao rock. A ordem é aleatória.
1) O Rio canta "Love Of My Life", do Queen
Alguns gringos poderiam até pensar que no Brasil só tem samba. Mas a melódica power ballad do Queen já era bem conhecida por aqui. Freddie Mercury conduziu a plateia para que cantasse "Love Of My Life". Deu no que deu: talvez esse seja o momento mais bonito de todo o evento.
2) Bruce Dickinson sangra durante show do Iron Maiden
Como guitarrista, Bruce Dickinson é um grande cantor. Ele empunhou a guitarra em "Revelations" para tocar um dedilhado enquanto Adrian Smith e Dave Murray faziam uma linha dobrada, no entanto, um pouco desajeitado, bateu o headstock do instrumento em seu rosto. O sangue escorreu, mas nem assim Dickinson deixou o palco.
3) George Benson, do lixo ao luxo
George Benson se assustou com a quantidade de pessoas que estariam para assisti-lo no evento: cerca de 250 mil. Teve um ataque de nervos e bebeu. Entrou no palco mamado e fez o show (que contou com a participação de Ivan Lins). Saiu da Cidade do Rock achando que fez uma péssima performance. Em uma entrevista do empresário Roberto Medina, responsável pela organização do festival, para o Multishow, o já depressivo Benson iria se matar no hotel, mas apagou. No dia seguinte, todos o parabenizaram pelo grande show. Combustivel de sobra para dar sequência na carreira.
4) O sino do AC/DC
O AC/DC deixou claro que não viria ao Brasil se não pudesse trazer um sino de navio, que pesava 1,5 tonelada e acompanhava a banda durante os shows. O artefato, que era utilizado na música "Hells Bells", foi trazido, mas o palco não suportou o peso. A produção, então, improvisou um sino de gesso para o grupo e tudo deu certo.
5) O recomeço de James Taylor
A apresentação de James Taylor foi, provavelmente, a que teve maior dose de emoção e drama pessoal. A carreira do cantor ia por água abaixo, após divorciar-se de Carly Simon e problemas com drogas. Taylor pensou em se aposentar, mas mudou de ideia após a viagem ao Brasil. Gostou tanto do Rio de Janeiro que chegou a compor uma música chamada "Only A Dream In Rio" ("Apenas um sonho no Rio"), que entraria em seu disco seguinte, "That´s Why I´m Here". Roberto Medina classifica o show como o seu predileto da edição inaugural.
6) A democracia brasileira
Décadas de regime militar foram encerradas após eleições indiretas, que empossaram o presidente Tancredo Neves em 1985. Os brasileiros ainda estavam eufóricos com a conquista. Os integrantes do Barão Vermelho também. A banda encerrou seu show com a música "Pro dia nascer feliz", em homenagem ao fim da ditadura. Cazuza proferiu breves palavras sobre o "novo Brasil" e Roberto Frejat utilizou trajes com as cores da bandeira do país.
7) O rock nacional se encorpava
O chamado B-Rock, ou rock nacional, tomou corpo no Rock In Rio de 1985. Bandas ainda iniciantes como Os Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho e Kid Abelha puderam se apresentar no evento e tornaram sua arte ainda maior. O momento que representa a solidez do B-Rock enquanto movimento aconteceu durante a performance de "Inútil", música original do Ultraje A Rigor, durante o show d´Os Paralamas. Conexão Rio-SP.
8) Whitesnake toma a oportunidade do Def Leppard a longo prazo
O Def Leppard tocaria no primeiro Rock In Rio, mas o acidente com o baterista Rick Allen fez com que a banda cancelasse a apresentação. O Whitesnake foi escalado para o posto e aproveitou a ocasião, com um ótimo show e uma de suas melhores formações - destaque para o lendário guitarrista John Sykes. Pode ser imaginação, mas isso trouxe consequências a longo prazo tanto para o Whitesnake quanto para o Def Leppard no que diz respeito ao Brasil. O primeiro se apresentou várias vezes no país e lotou por onde esteve, mesmo sem um hit há décadas. O segundo só veio para cá em 1997 e tocou no Rio de Janeiro para somente 250 pessoas, enquanto em São Paulo uma das duas apresentações foi cancelada.
9) Também por acaso, Rod Stewart arrebata o Rio
Rod Stewart também não estava escalado inicialmente para o Rock In Rio. O cantor substituiu a banda Men At Work, em uma crise interna que resultou no seu fim. Stewart não apenas fez um show histórico, como também desconstruiu uma imagem de arrogante que era divulgada pela mídia na época - conversou e brincou com todos que passavam por ele no backstage.
10) Vaias por erros de escalação
Não houve, necessariamente, um show ruim durante o Rock In Rio. Todas as bandas eram profissionais o bastante para apresentarem algo que agradasse aos seus fãs. O problema foi quando as atrações, especialmente nacionais, caíram na mesma line-up que nomes internacionais de estilos diferentes. Alguns casos foram mais drásticos: Erasmo Carlos e Ney Matogrosso dividiram palco com Queen, Iron Maiden e Whitesnake; já Eduardo Dusek e Kid Abelha abriram para AC/DC e Scorpions.
Os dez vídeos abaixo apresentam momentos históricos do festival - e também reforçam que, nem mesmo na primeira edição, era um evento dedicado apenas ao rock. A ordem é aleatória.
1) O Rio canta "Love Of My Life", do Queen
Alguns gringos poderiam até pensar que no Brasil só tem samba. Mas a melódica power ballad do Queen já era bem conhecida por aqui. Freddie Mercury conduziu a plateia para que cantasse "Love Of My Life". Deu no que deu: talvez esse seja o momento mais bonito de todo o evento.
2) Bruce Dickinson sangra durante show do Iron Maiden
Como guitarrista, Bruce Dickinson é um grande cantor. Ele empunhou a guitarra em "Revelations" para tocar um dedilhado enquanto Adrian Smith e Dave Murray faziam uma linha dobrada, no entanto, um pouco desajeitado, bateu o headstock do instrumento em seu rosto. O sangue escorreu, mas nem assim Dickinson deixou o palco.
3) George Benson, do lixo ao luxo
George Benson se assustou com a quantidade de pessoas que estariam para assisti-lo no evento: cerca de 250 mil. Teve um ataque de nervos e bebeu. Entrou no palco mamado e fez o show (que contou com a participação de Ivan Lins). Saiu da Cidade do Rock achando que fez uma péssima performance. Em uma entrevista do empresário Roberto Medina, responsável pela organização do festival, para o Multishow, o já depressivo Benson iria se matar no hotel, mas apagou. No dia seguinte, todos o parabenizaram pelo grande show. Combustivel de sobra para dar sequência na carreira.
4) O sino do AC/DC
O AC/DC deixou claro que não viria ao Brasil se não pudesse trazer um sino de navio, que pesava 1,5 tonelada e acompanhava a banda durante os shows. O artefato, que era utilizado na música "Hells Bells", foi trazido, mas o palco não suportou o peso. A produção, então, improvisou um sino de gesso para o grupo e tudo deu certo.
5) O recomeço de James Taylor
A apresentação de James Taylor foi, provavelmente, a que teve maior dose de emoção e drama pessoal. A carreira do cantor ia por água abaixo, após divorciar-se de Carly Simon e problemas com drogas. Taylor pensou em se aposentar, mas mudou de ideia após a viagem ao Brasil. Gostou tanto do Rio de Janeiro que chegou a compor uma música chamada "Only A Dream In Rio" ("Apenas um sonho no Rio"), que entraria em seu disco seguinte, "That´s Why I´m Here". Roberto Medina classifica o show como o seu predileto da edição inaugural.
6) A democracia brasileira
Décadas de regime militar foram encerradas após eleições indiretas, que empossaram o presidente Tancredo Neves em 1985. Os brasileiros ainda estavam eufóricos com a conquista. Os integrantes do Barão Vermelho também. A banda encerrou seu show com a música "Pro dia nascer feliz", em homenagem ao fim da ditadura. Cazuza proferiu breves palavras sobre o "novo Brasil" e Roberto Frejat utilizou trajes com as cores da bandeira do país.
7) O rock nacional se encorpava
O chamado B-Rock, ou rock nacional, tomou corpo no Rock In Rio de 1985. Bandas ainda iniciantes como Os Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho e Kid Abelha puderam se apresentar no evento e tornaram sua arte ainda maior. O momento que representa a solidez do B-Rock enquanto movimento aconteceu durante a performance de "Inútil", música original do Ultraje A Rigor, durante o show d´Os Paralamas. Conexão Rio-SP.
8) Whitesnake toma a oportunidade do Def Leppard a longo prazo
O Def Leppard tocaria no primeiro Rock In Rio, mas o acidente com o baterista Rick Allen fez com que a banda cancelasse a apresentação. O Whitesnake foi escalado para o posto e aproveitou a ocasião, com um ótimo show e uma de suas melhores formações - destaque para o lendário guitarrista John Sykes. Pode ser imaginação, mas isso trouxe consequências a longo prazo tanto para o Whitesnake quanto para o Def Leppard no que diz respeito ao Brasil. O primeiro se apresentou várias vezes no país e lotou por onde esteve, mesmo sem um hit há décadas. O segundo só veio para cá em 1997 e tocou no Rio de Janeiro para somente 250 pessoas, enquanto em São Paulo uma das duas apresentações foi cancelada.
9) Também por acaso, Rod Stewart arrebata o Rio
Rod Stewart também não estava escalado inicialmente para o Rock In Rio. O cantor substituiu a banda Men At Work, em uma crise interna que resultou no seu fim. Stewart não apenas fez um show histórico, como também desconstruiu uma imagem de arrogante que era divulgada pela mídia na época - conversou e brincou com todos que passavam por ele no backstage.
10) Vaias por erros de escalação
Não houve, necessariamente, um show ruim durante o Rock In Rio. Todas as bandas eram profissionais o bastante para apresentarem algo que agradasse aos seus fãs. O problema foi quando as atrações, especialmente nacionais, caíram na mesma line-up que nomes internacionais de estilos diferentes. Alguns casos foram mais drásticos: Erasmo Carlos e Ney Matogrosso dividiram palco com Queen, Iron Maiden e Whitesnake; já Eduardo Dusek e Kid Abelha abriram para AC/DC e Scorpions.
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