domingo, 17 de julho de 2016

5 point´s gastronômicos que marcaram os anos 80

Joe's

O comandante da Varig Omar Silveira da Cruz fazia a rota Rio-Nova York em um Boeing 707. Na metrópole americana, espantava-se com a popularidade das lanchonetes que serviam hambúrguer e milk shake.
Botou na cabeça que ia montar uma igual em Porto Alegre. Em sociedade com dois amigos, importou todo o maquinário dos Estados Unidos. Em 1960, na Rua Ramiro Barcelos, inaugurou o Joe's. Provocou uma revolução.
O Joe's era a moda, o sucesso. Todo mundo fazia uma boquinha antes de ir para as casas noturnas. 
O fechamento do Joe's ocorreu no dia 4 de junho de 2011. Anunciado para as 20h, teve de ser puxado para as 15h, porque os fãs, saudosos por antecipação, consumiram tudo o que puderam até o começo da tarde. O último proprietário, Luís Filipe Veiga da Costa, 44 anos, ficou comovido:
— Muita gente foi tirar fotos, inclusive comigo. Diziam: "Tenho de tomar o último milk shake". 
Rib's

Há gente que atravessa Porto Alegre de uma ponta à outra só por causa de um milk shake. Vão saborear a bebida na lanchonete The Best Food do Boulevard Strip Center.
A razão é que lá, no fim da cidade, opera a máquina que, no passado, produziu o famoso milk shake do Rib's. O The Best Food é, por si só, um monumento à saudade que o Rib's deixou. Fundado por ex-funcionários que compraram o maquinário da antiga rede, serve nas três filiais as mesmas receitas dos anos 1980.
— Estou para garantir que, na loja da 24 de Outubro, 80% da clientela é de antigos frequentadores do Rib's — afirma Osvaldo Ribeiro da Paixão, 55 anos, um dos proprietários.
O Rib's nasceu em 1974 e virou uma instituição para a magrinhagem dos anos 80 na Capital. Durou até 2002. Um dos aficionados era o cineasta José Pedro Goulart, de 51 anos, autor do livro Confissões de um Comedor de X.
— O Rib's praticamente inaugurou para o pessoal da minha geração a lanchonete que servia hambúrguer à maneira americana. Na cabeça de um jovem de 18 anos, era um restaurante chique que servia hambúrguer. Era o X com status. Quando um espaço como esse fecha, é uma parte da história da cidade que se perde — afirma Goulart.

Pagoda
No fim de cada noite, depois de servir frango à xadrez e barbatana de tubarão aos seus clientes, o senhor Woodah Tong fechava o Restaurante Pagoda, na Protásio Alves, e seguia até o bairro Menino Deus. Terminava o dia em uma churrascaria, saboreando um típico assado gaúcho.
— Só comida chinesa não dá — explicava.
Quem relata a história é o fotógrafo Flavio Del Mese, frequentador do restaurante. A partir do final dos anos 1970, Flavio reunia-se uma vez por semana com um grupo de amigos no Pagoda. Conta que Tong não os deixava escolher os pratos. Olhava para a cara dos fregueses e decidia por si mesmo qual o mais adequado. Flavio faz uma revelação que pode espantar os muito apaixonados pela comida do extinto Pagoda (fechou em 2011): a mulher do dono, que preparava os pratos, não era chinesa. Era japonesa.
Sanduíche Voador
O Sanduíche Voador, como o nome sugere, nasceu para ser uma telentrega de sanduíches. O serviço a domicílio não deslanchou. O que a clientela queria era aproveitar o ambiente do local, na Praça Dr. Maurício Cardoso, no Moinhos de Vento. Aos poucos, a proprietária, Doris Grossman, e sua filha, Ana, criaram no Sanduíche um restaurante inovador.
As particularidades eram muitas, incluindo a decoração despojada, com louças diferentes para cada mesa. Os garçons, em geral estudantes que trabalhavam poucas vezes por semana, adicionavam um ingrediente de informalidade ao serviço. A originalidade se estendia à comida, com pratos do dia que não se repetiam por anos a fio. Os sábados eram especiais: uma figura da sociedade era convidada a se assenhorar da cozinha e preparar os pratos.
 Exemplo da sedução exercida pelo bistrô sobre uma influente parcela da Capital, a cronista chegou a escrever que gostaria de ter suas cinzas jogadas ali. Mas o Sanduíche morreu antes, em 2009.
Floresta Negra
O freguês do Restaurante Floresta Negra pediu um filé capa preta.
— O que o senhor vai beber? — perguntou o proprietário, Fredolino Schirmer.
— Uma Coca-Cola.
Fredolino fez de conta que não ouviu, esperou algum tempo e repetiu a pergunta:
— O que o senhor vai beber?
— Coca-Cola.
O dono perdeu a paciência.
— Com o meu filé capa preta ninguém toma Coca-Cola! — vociferou.
E expulsou o cliente do restaurante. Não foi um caso isolado. O Floresta Negra era famoso pela rispidez do seu dono. Mas era mais famoso ainda pelas delícias da cozinha alemã, preparadas pela mulher de Fredolino, Christa.
— Realmente, marcou época, nos anos 1970 e 80. Fredolino parecia rude, mas era o jeito alemão dele.

Um comentário:

  1. Frequentei 4 destes restaurantes( lancherias), só não conheci o sanduiche voador e todos eram maravilhosos, mas o Joe.s e o Ribslho (na praça ju) eram os meus favoritoso , pois ia buscar minhas filhas n0 Colegio Bom Conselho, quando tinham 6 e 8 anos.
    Luiz Carlos, Charles, Carlinhos, como quiserem

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