sábado, 31 de janeiro de 2015

Rock Gaúcho nos Anos 80

Os anos 80 pegaram quase todos os roqueiros desprevenidos. Bandas consagradas, como YES e GENESIS viraram sinônimo de música ruim e arrogante. Disco de bandas Punks, New-waves e até Pós-punks enchiam as prateleiras das lojas no mundo todo.

No Brasil, mais especificamente em POA-RS, onde eu morava (e tocava bateria em diversas bandas) na época, toda esta mudança praticamente extinguiu as bandas existentes, pois quase todas seguiam a cartilha do Rock/Hard-Rock/Metal Progressivo.

Rock Garagem 1 com as pricipais bandas gaúchas da época
Por sorte alguns gaúchos visionários como o músico/produtor/agitador cultural Carlos Eduardo Miranda(QST-SBT) e o professor/músico Carlos Gerbase(ex-Replicantes) perceberam logo esta mudança e trataram de juntar forças para enfrentar os duros tempos que viriam.

Gerbase criaria (com Wander Wildner e os irmãos Heinz) a fundamental banda punk “OS REPLICANTES”, eMiranda criaria (comigo, Flu, Rodrigo Correa, Biba Meira, Lila Vieira, Patsy Cecato e Luciene Adami) a clássica banda new-wave, “URUBU-REI”. Outras bandas, de vários estilos, começaram a se organizar, ensaiar e todo um novo panorama musical estava sendo criado em POA para concorrer com as bandas do RIO, SP e BRASÍLIA.

Claro que tudo era muito difícil e o público gaúcho não era ainda o público roqueiro consumidor que é hoje em dia. Não existiam espaços para tocar, os equipamentos eram precários e as rádios um pouco relutantes em apoiar esta nova galera, com a exceção honrosa da IPANEMA FM e do DJ Ricardo Barão que inclusive abriu uma casa noturna  de shows (Rola Rock) e produziu os hoje lendários LPs ROCK GARAGEM 1 (foto anexa) e 2, abrindo espaço para muitas bandas.

Ir a SP ou RIO tocar era ainda um sonho distante, assinar um contrato de gravação com uma grande gravadora, então,...um delírio total.

A gente armava shows literalmente em qualquer lugar possível, desde ginásios em escolas, passando por bares e danceterias até no meio da rua no centro da cidade.

Atentos às mudanças de mercado, a antiga RCA-Victor (então BMG-Ariola) criou um selo (PLUG) para lançar estas novas bandas de rock. Uma das primeiras bandas a serem contratadas, no sul , foi “OS REPLICANTES”, estabelecendo então, de uma vez por todas, que, para se tocar, gravar e ter uma carreira não precisava saber tocar um instrumento “muito bem” ou ter “educação musical”  tradicional...bastava talento, garra, criatividade e inspiração. E isto “OS REPLICANTES" tinham de sobra...

Neste meio tempo, o “URUBU-REI” tinha acabado, e eu e o Flu estávamos tocando com o cantor e compositorJúlio Reny em sua banda “EXPRESSO ORIENTE”. Eu já tinha migrado da bateria para a guitarra, desde o “URUBU”, e começava a compor.

O “DEFALLA” já existia como um trio, com Biba Meira na bateria, Edu K. na guitarra e vocal e Carlo Pianta no baixo e vocal).

A BMG (selo PLUG) então contratou o “DEFALLA”, os “ENGENHEIROS DO HAWAI”, o “TNT”, “OS REPLICANTES” e os “GAROTOS DA RUA” para gravarem a histórica coletãnea “ROCK GRANDE DO SUL”, que vendeu muito bem e deu a partida na carreira de todas estas bandas.

Mas o “DEFALLA” passava por problemas internos e, com a saída do baixista Carlo Pianta, a baterista Biba Meiraconvidou a mim e ao Flu (ex-colegas do “URUBU”) para integrarmos a  banda definitivamente e gravarmos os 2 primeiros LPs pela BMG-Ariola em SP, além de sair em tour pelo país.

Era a hora de arregaçar as mangas e se lançar no “instável” mercado musical brasileiro...


Publicado por Blog do Castor

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Formulário de contato

Nome

E-mail *

Mensagem *