quinta-feira, 25 de junho de 2015

Dez discos essenciais do punk que você precisa conhecer

Chegou a hora de colocar sua camiseta dos Ramones e pendurar aquele cadeado de janela no pescoço

Sex Pistols

Você sabe qual é a relação entre Detroit, Nova York e Londres? Essas três cidades contribuíram ao surgimento do que hoje chamamos de punk, na segunda metade de década de 1970. Grito contra os monstros do rock e o movimento hippie, os punks idolatravam o glam rock de David Bowie, o blues maluco de Iggy Pop and The Stooges, e o rock n’roll raiz de pioneiros como Chuck Berry. Mais do que um gênero musical, o punk se tornou uma atitude, uma subcultura contra o “establishment” que continua atraindo jovens de todos cantos do mundo.
Em Londres, o empresário visionário Malcolm McLaren entendeu que a cena rock nunca mais seria igual após a visita dos New York Dolls na capital britânica, em 1972. O dono da loja SEX achou em grupo de jovens londrinos, The Sex Pistols, para se tornarem os futuros porta-vozes de uma cena que conquistaria o coração de milhares de adolescentes frustrados pela monotonia urbana dos grandes centros industriais ocidentais. Do outro lado do oceano Atlântico, artistas como os Ramones e a cantora Patti Smith já estavam dando suas letras de nobreza ao movimento no palco do clube nova-iorquino CBGB.
Ao longo dos anos, o punk deixou sua marca em centenas de músicos e influenciou milhares de bandas. Sem o punk, Kurt Cobain nunca haveria tocado uma guitarra, o Green Day não existiria e Jack White não arrebentaria tantas cordas de guitarra nos seus shows.
The Sex Pistols — “Nevermind the Bollocks, Here’s the Sex Pistols” (1977)
Em 1977, Johnny Rotten e companhia gravaram o que é considerado a obra mais significativa do punk até hoje. Criticada por sua falta de gênio musical e sua origem comercial, a banda londrina popularizou o sotaque “cockney” pelo mundo inteiro com os gritos tão típicos do seu vocalista alucinado. Seu hit “God Save the Queen”, uma crítica ácida contra o sistema, chocou a imprensa tradicional e se tornou o hino de uma geração “sem futuro”.
“Anarchy in the U.K.” é outro destaque do disco que rapidamente chegou ao primeiro lugar do ranking de álbuns mais vendidos na Inglaterra na época. Sid Vicious, o lendário baixista, apenas toca na música “Bodies”. Integrado à banda por questões estéticas, ele morreu dois anos depois, de uma overdose, no Chelsea Hotel de Nova York. Foi o genial guitarrista Steve Jones quem cuidou das linhas de baixo, e deu sua energia inesquecível ao único álbum de estúdio do Sex Pistols.

The Ramones – “Ramones” (1976)
Formada no bairro do Queens, de Nova York, em 1974, o Ramones rapidamente se tornou uma das bandas preferidas do público do clube CBGB, no centro da cidade. Seu primeiro álbum, “Ramones”, lançado em 1976, tentou colocar no vinil a energia do quarteto norte-americano liderado pelo carismático guitarrista Johnny Ramone.
As músicas se destacam pela simplicidade das suas construções e os temas abordados nas letras do vocalista Joey Ramone (“Now I Wanna Sniff Some Glue”, “I Wanna Be Your Boyfriend”) . Segundo o baixista Dee Dee, as sessões de gravação duraram apenas dois dias. “Blitzkrieg Bop” e “Beat on the Brat” fazem parte dos maiores sucessos da banda.

The Clash – “The Clash” (1977)
O primeiro álbum do The Clash não chegou a ter a repercussão do seu sucessor, o duplo “London Calling”, e seu hit homônimo. Mas “The Clash” estabeleceu a base da alquimia entre os dois lideres e guitarristas da banda, Joe Strummer e Mick Jones. Fãs de rockabilly norte-americano, de glam rock inglês e de reggae jamaicano, os membros do The Clash lançaram seu primeiro disco em abril de 1977 e contribuíram da melhor das formas ao surgimento do movimento punk na capital britânica.
Mais politizado do que a maioria dos seus colegas, o The Clash se destacou por suas letras detonantes (“I’m So Bored with the USA” ou “White Riot”), abordando temas como o racismo, o fascismo e a sociedade de consumo. O disco entrou no 77.º lugar do ranking dos melhores álbuns de todos os tempos feito pela revista Rolling Stone, em 2004.

The Damned – “Damned Damned Damned” (1977)
Essa outra grande obra do punk foi lançada no inicio de 1977 e abre com o riff agressivo de baixo do Captain Sensible em “Neat Neat Neat”, uma das músicas mais representativas do gênero. As faixas de guitarras gravadas por Brian James mostram o quão determinante foi a influência de Chuck Berry e Little Richard no movimento punk. O disco foi produzido por Nick Lowe, que também trabalhou com as lendas do pub rock Dr. Feelgood e Elvis Costello.
Lançado no dia do 22.º aniversário do guitarrista do grupo inglês, “Damned Damned Damned” se destaca por sua agressividade e seus hinos adolescentes, como “New Rose” ou “I Fall”. Na canção que fecha o álbum, o The Damned homenageia os pioneiros do gênero, The Stooges, com um cover do seu hit “1970”, rearranjado sob o nome “I Feel Alright”.

Johnny Thunders and the Heartbreakers – “L.A.M.F.” (1977)
Quando Johnny Thunders era moleque, ele costumava pichar os muros do seu bairro em Nova York com as iniciais D.T.K.L.A.M.F. (“Down to Kill like a Motherfucker”). Em 1977, o ex-guitarrista do New York Dolls chamou alguns dos seus ex-companheiros da cena rock norte-americana para gravar seu melhor disco sem suas bonecas. A lenda diz que os membros da banda usaram o dinheiro da mixagem do álbum para pagar corridas de táxi quando buscavam suas doses de drogas.
“Born to Lose” infelizmente se tornou a trilha sonora do líder da banda, que morreu em 1991, após anos de vícios, em um quarto de hotel em Nova Orleans. Até hoje, Johnny Thunders e seus Heartbreakers são considerados umas das bandas mais cults do movimento punk norte-americano e “L.A.M.F.” continua o melhor testemunho disso.

Buzzcocks – “Singles Going Steady” (1979)
Mais pop do que The Damned, menos polêmicos do que The Sex Pistols, a banda de Boston, uma cidade que fica perto de Manchester, na Inglaterra, lançou “Singles Going Steady” em 1979. O disco é uma compilação dos primeiros sucessos do grupo, destinada ao mercado norte-americano. Fez tanto sucesso que foi lançada no Reino Unido em 1981.
A banda britânica exerceu uma influência muito forte na cena californiana da década de 1990, com seus singles “Orgasm Addict” e “Ever Fallen In Love”. A compilação foi eleita o 16.º melhor disco da década de 1970 pelo site de críticas musicais Pitchfork, em 2004.

The Dead Boys – “Young Loud and Snotty” (1977)
Outros ídolos do clube CBGB de Nova York, The Dead Boys lançaram seu primeiro disco no mítico ano de 1977. The Dead Boys é a continuação do projeto Rocket from the Tombs, uma banda de Cleveland (Ohio), da metade da década de 1970.
O álbum abre com “Sonic Reducer”, uma agressão sonora de três minutos e, provavelmente, uma das melhores canções de punk norte-americano. Em 1982, o vocalista Stiv Bators deixou a banda para formar The Lords of the New Church.

The Dead Kennedys – “Fresh Fruit for Rotten Vegetables” (1980)
O primeiro disco da banda de São Francisco The Dead Kennedys deixou sua marca na cena californiana para sempre e continua um dos álbuns mais citados pelos fãs de punk norte-americano. Nas letras do álbum, o vocalista Jello Biafra faz um retrato satírico da sociedade estadunidense, que elegeu o neoliberal Ronald Reagan como presidente no mesmo ano.
“Holiday in Cambodia” se tornou a música mais famosa do grupo, na qual seus membros criticam a ideologia e a atitude dos estudantes da classe mádia alta norte-americana. Com “California Über Alles”, Biafra e companhia atacam sem compromisso Jerry Brown o governador da Califórnia na época.

The Saints – “(I’m) Stranded” (1977)
A banda de Brisbane, na Austrália, popularizou o gênero no hemisfério sul com seu primeiro disco, “(I’m) Stranded”, lançado em 1977. Junto com o grupo Radio Birdman, de Sydney, o The Saints chegou a ganhar fama fora da sua terra nativa com seu punk rock agressivo. Mais uma vez, a influência da cena de Detroit (MC5, The Stooges) é muito perceptível no primeiro disco dos australianos.
A canção homônima é considerada umas das melhores músicas já gravadas por uma banda australiana. Em 2014, Bruce Springsteen fez um cover da canção “Just like Fire Would” no seu disco “High Hopes”.

The Misfits –“Walk Among Us” (1982)
Formada no estado de New Jersey no final da década de 1970, o grupo de horror punk The Misfits lançou seu primeiro álbum estúdio em 1982. Não era a primeira vez que o The Misfits chamou a atenção do público. Seu single “Bullet”, lançado em 1978, já havia chocado o público norte-americano com suas letras sobre a morte do Presidente John F. Kennedy.


O vocalista Glenn Danzig reuniu gravações tiradas de várias sessões em diversos estúdios para formar “Walk Among Us”. O universo escuro dos Misfits se destaca pela forte influência de filmes de horror e o vocal pesado do seu carismático líder.

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