sexta-feira, 1 de maio de 2015

Monsters Tour Porto Alegre 2015

Motörhead faz show alto, mas morno, em Porto Alegre
Judas Priest faz show teatral e cheio de ótimos riffs em Porto Alegre
Ozzy: "Eu malho todos os dias, não uso drogas. Estou saudável como nunca"

Ozzy Osbourne comanda metaleiros com a facilidade das lendas.

Líder do Black Sabbath se apresentou no festival Monsters Tour, que aconteceu nesta quinta, no Estádio do Zequinha, em Porto Alegre
Ozzy Osbourne comanda metaleiros com a facilidade das lendas Carlos Macedo/Agencia RBS
Ozzy Osbourne puxou coro e comandou braços dos fãs no show de 1h20min em Porto AlegreFoto: Carlos Macedo / Agencia RBS

Sempre que Ozzy Osbourne se sentir desanimado, tiver uma briga mais séria com a Sharon ou quiser saber se ainda é aquilo tudo que foi, é só vir a Porto Alegre. Como já havia acontecido nas outras vezes em que veio à Capital (sozinho ou com seus parceiros de Black Sabbath), o morcegão foi recebido com barulho e carinho intermináveis pelos metaleiros gaúchos. E, durante o tempo em que ficou no palco do Zequinha – exatas 1h20min –, ele fez de tudo para agradecer: puxou grito, mandou beijinho, ajoelhou-se no chão duas vezes e sacramentou:

– Vocês são os fucking melhores!

Mas, também, show do Ozzy é uma barbada. Cercado de músicos mais jovens e dono de um cardápio de hits que já tem quase 50 anos, resta ao vocalista subir ao palco e fazer o que ele faz melhor: cantar. Antes da primeira música, o público já estava em chamas – diferente da frieza com que o Motörhead foi recebido ou o respeito com que o Judas Priest começou sua apresentação, Ozzy parecia um astro teen e, o público, menininhas menores de idade. Não é à toa que deram para o cara um reality show na MTV.


Musicalmente, o show foi bastante parecido com as outras apresentações de Ozzy em Porto Alegre: sucessos do Black Sabbath, como Paranoid e War Pigs, eram cantados até na parte instrumental, enquanto hits da carreira solo, tipoMr. Crowley Crazy Train, recebiam ânimo extra pela intensa movimentação do sessentão. Aliás, Ozzy parece saudável e animado.
Se é possível destacar uma diferença entre a apresentação do Black Sabbath e a de Ozzy solo em Porto Alegre é a seguinte: com sua banda original, o show toma ares de hard rock e stoner. Com os jovens músicos da carreira solo, a apresentação pende mais para o metal, com mais solos e dedilhados. Ao que parece, Porto Alegre aprova ambos. E Ozzy aprova Porto Alegre.

Motörhead faz show alto, mas morno.

Motörhead faz show alto, mas morno, em Porto Alegre Carlos Macedo/Agencia RBSVocalista Lemmy se movimentou pouco durante o show em Porto AlegreFoto: Carlos Macedo / Agencia RBS
Talvez tenha sido o frio, que chegou de vez em Porto Alegre. Quem sabe, o público, que demorou a entrar no Estádio do Zequinha. Quiçá, a doença que acometeu Lemmy Kilmister no início da semana e o tirou de um show em São Paulo. A realidade é que, apesar de bom, o show do Motörhead no festival Monsters Tour foi menos do que poderia ser.
Como de praxe, Lemmy abriu os trabalhos com a frase "nós somos o Motörhead e tocamos rock 'n' roll". No início, a relação banda-público teve alguma rusga: em determinado momento, o baterista Mikkey Dee levantou e fez um gesto de sono, com as duas mãos espalmadas abaixo da cabeça, como quem diz "acordem". Um pouco depois, Lemmy fez um apelo:
– Nós somos só três e fazemos muito barulho. Vocês são centenas, eu quero ouvir dor!
Instigados pela banda e levados pelo som altíssimo da apresentação, o público reagiu com palmas e gritos. Porém, não foram poucos os fãs do grupo que ficaram boa parte do show esperando na fila.
Apesar de tudo, Lemmy é um personagem extremamente forte. A todo mundo, gritos de seu nome espocavam no estádio e ganhavam força, fazendo o vocalista parar para ouvir. Com seu vozeirão característico, o britânico comanda uma banda que é quase punk, dada a velocidade de suas músicas, a simplicidade de seus riffs e a força que os três membros apresentam juntos. Até por isso, a frase "eu chamo de rock, mas, se tivesse que escolher, diria que somos mais punk do que metal" é creditada ao frontman. E quem foi ao Monsters Tour viu que é verdade.
No fim das contas, ficou um gosto amargo na língua. Esse show podia ter sido mais. Seja qual for o motivo, podia ter sido mais.

Judas Priest faz show teatral e cheio de ótimos riffs.

Judas Priest faz show teatral e cheio de ótimos riffs em Porto Alegre Carlos Macedo/Agencia RBS
Rob Halford (direita) e Richie Faulkner são as maiores atrações do bom show do Judas PriestFoto: Carlos Macedo / Agencia RBS
Para quem queria um show de metal, o Judas Priest foi a grande atração do Monsters Tour, festival que foi madrugada a dentro em Porto Alegre nesta quinta-feira. Com uma apresentação quase teatral, Rob Halford e seus parceiros mostraram que tem um público muito fiel no Rio Grande do Sul. Seja em clássicos como Breaking the Law Painkiller, ou em músicas do recente Reedemer of Souls, de 2014, os experientes metaleiros britânicos tiveram a participação da plateia em todas as músicas tocadas. Afinal, era um festival de metal.
Se Halford é o personagem a se prestar atenção no show do Judas Priest, o novo guitarrista Richie Faulkner faz de tudo para roubar a cena. Com 28 anos a menos que o frontman, ele esbanja energia e não para de se dirigir à plateia. Joga palhetas, aponta para fãs, faz coreografias, exagera intencionalmente no gestual dos solos – tudo para agradar o público, que responde positivamente, sempre. E Faulkner se encaixa bem na apresentação do Judas Priest: exagerada, cênica, com trocas de figurinos, explosões e um telão frenético.
Constantemente trocando de figurino, o vocalista Rob Halford entre montado em uma Harley-Davidson em determinado momento do show. Em outro, empunha um cetro (os maldosos dirão que é uma bengala, exigência da idade) e entra como um rei no palco. Já no fim, abre a camisa e exibe a barriga que é fruto dos 63 anos, tapada de tatuagens.
Se Ozzy Osbourne fez um show de hard rock travestido de metal e o Motörhead tocou punk, o Judas Priest fez a alegria de quem foi ao Zequinha assistir heavy metal de qualidade. Talvez seja por isso que, na metade do show, Rob Halford parou, olhou para a plateia – que estava quase toda com as mãos para o alto – e fez um joinha, como quem diz "é para gente como vocês que gostamos de tocar".

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Formulário de contato

Nome

E-mail *

Mensagem *