domingo, 29 de junho de 2014

O rock garagem dos anos 80

No início dos anos 80, o surgimento de diversas bandas no universo do rock nacional (muitas delas contando inclusive com roqueiros que já haviam passado por outras formações, sendo que alguns até iniciaram a sua trajetória ainda nos anos 60), especialmente catapultadas ao sucesso junto ao grande público a partir do estouro da banda carioca Blitz, que “puxou” o movimento e a abertura de melhores brechas para o estilo – aprofundando, por sua vez, o espaço alcançado por bandas como 
14 Bis,

                                      Rock garagem

 A Cor do Som, Roupa Nova, Tutti Frutti, Patrulha do Espaço, dentre outras do início da década, etc. - junto às grandes gravadoras, fez com que o gênero voltasse a ter um grande espaço dentro do mercado musical e da mídia brasileiros, tal como já havia ocorrido na Jovem Guarda, nos anos 60. E, quiçá, em proporções talvez até maiores. Diversamente do que ocorreu nos anos 70, época em que poucos artistas ligados ao rock tiveram realmente um destaque significativo em termos mercadológicos (Secos e Molhados, Raul Seixas, Rita Lee, O Terço, Made In Brazil, entre alguns outros poucos, sendo que dentre eles se inclui o gaúcho Bixo da Seda), o espaço que o gênero alcançou no mercado musical do Brasil nos anos 80 foi enorme, e ainda faz sentir o seu eco até hoje, uma vez que muitos de seus principais ícones participam ativamente do cenário atual, além de que outros que ficaram pelo caminho ainda influenciam de forma difusa os trabalhos de muitos dos novos roqueiros que surgem na exponencial, variadíssima e vertiginosa ampla cena que hoje se verifica, reunindo milhares de bandas de rock por todo o Brasil (ainda que, em realidade, poucas sejam as que alcancem o chamado “sucesso comercial”). 

No Rio Grande do Sul não foi diferente, muito embora a produção local somente tenha realmente “atravessado o Mampituba” (rio que marca os limites dos estados gaúcho e catarinense) de maneira mais significativa apenas após um bom tempo depois que a cena do centro do país já estava “estourada” e consolidada. Isto não significa absolutamente, contudo, que a cena local já não estivesse bastante ativa desde o início daquela década, num processo semelhante ao descrito acima, ou seja, congregando bandas e artistas com já larga folha de serviços prestados à música urbana e ao rock do RS com novos nomes que iam surgindo. Com efeito, tal como ressaltamos, a exemplo do que ocorreu em diversos pólos de produção pelo país afora, alguns dos componentes de bandas e artistas-solo que ganharam evidência nos anos 80 já haviam inaugurado o seu caminho musical ao menos desde o fim dos anos 70.


 

É o caso de Alemão Ronaldo, que chegou a participar de uma das últimas formações do Bixo da Seda, e que integrou, no início dos 80, o Taranatiriça; posteriormente, assumiu como vocalista da Bandaliera.
 Sem dúvida, Alemão Ronaldo (agora em carreira-solo) e as bandas de que participou, bem como a banda Guerrilheiro Anti-nuclear, exemplificam a ponte que se formou entre o rock gaúcho feito na década de 70 e o da década de 80, especialmente porque parte significativa do repertório destas formações era fornecido por Fughetti Luz, vocalista do Liverpool e do Bixo. 
  

Das bandas de grande destaque que passaram por um processo semelhante, também impende invocar os “Garotos da Rua”, formação que contava com Bebeco Garcia e Edinho Galhardi, ambos ex- “A Barra do Porto” (banda em que Mutuca fazia os vocais), e com a experiência de passagem por outras bandas ainda antes disto, quando ainda estavam fixados em Rio Grande, sua cidade natal. Mitch Marini, também um roqueiro histórico que participou ativamente da cena setentista, integrou os Garotos da Rua nas origens da banda, e também, posteriormente, veio a integrar o grupo de hard rock Câmbio Negro (ao lado dos também “veteranos” Deio Escobar e Gélson Schneider, dentre outros) e a banda Swing - de que também fazia parte Gélson (Prosexo, Byzarro, Trovão, Bric), e que foi responsável por abrir um show do Van Halen em Porto Alegre. Outras bandas, como o Hallai Hallai, prosseguiram, na década de 80, com seu trabalho iniciado nos anos 70 (o Hallai lançou um LP em 87 pela gravadora 3M). 
  



Também o Grupo Impacto (resultante da reunião de ex-membros dos grupos sessentistas The Cleans, The Dazzles e The Coiners) lançou nesta década diversos LPs com muito sucesso, não obstante a trajetória fonográfica do grupo tivesse iniciado ainda nos anos 70. O Impacto emplacou alguns “hits” na então nascente Atlântida FM (atualmente, a rádio de maior alcance junto ao público no dial portoalegrense e gaúcho, ligada à RBS), como, por exemplo, em sua regravação de “Hey Tchê” (música que, em verdade, fazia parte do repertório dos Discocuecas – Júlio Fürst, Gilberto Travi, Beto Roncaferro e João Antônio). foto abaixo.

  

 

 Outros, ainda, “repaginaram” a sua trajetória, caso de Zezinho Athanásio, que virou “Joe Euthanásia”, e, depois, simplesmente “Joe”. Radicando-se no Rio, Joe, que iniciou seu caminho no sul flertando com a MPB, e inclusive com a música nativista do RS, esteve no “olho do furacão” da cena roqueira nacional dos 80, estabelecendo parcerias comNeusinha Brizola, Tavinho Paes, Bernardo Vilhena, dentre outros, e lançando LPs e compactos por “majors” (o último foi pela paulista Eldorado), além de ter músicas incluídas em trilhas de novelas da Globo e em inúmeros “bolachões” de coletâneas, tão comuns naquele período. Seu grande hit foi “Me leva pra casa”, regravada pela Bandaliera em versão acústica. O talentoso cantor e compositor infelizmente teve morte prematura, em face de um acidente de carro. 

De outro lado, alguns compositores tradicionalmente vinculados à chamada MPG (música popular gaúcha, ou seja, a MPB feita no RS), tais como Nei Lisboa, Léo Ferlauto, e Bebeto Alves, dentre outros, criaram hits roqueiros e se aproximaram da linguagem do rock gaúcho, obtendo grande repercussão também naquele período. O “guitar hero” Deio Escobar também lançou o seu LP “Eclétiko”, de forma independente.
 


Nei Lisboa 

 Um grande marco para a evidenciação do rock gaúcho nos anos 80 foi o surgimento da Ipanema FM. A Ipanema, em verdade, começou como Bandeirantes FM, rádio que tocava bastante MPB alternativa, incluindo a nossa chamada “MPG”, e um pouco de rock, especialmente no programa que Ricardo Barão fazia à meia-noite. A Ipanema, no início, manteve a linha de programação da Band, mas aos poucos foi se “roqueirizando” de forma tal até chegar ao status de “rádio rock”. Foi no programa do Barão, que rodava predominantemente rock “pesado” (hoje talvez fosse mais adequado classificarmos aquelas bandas como de “hard rock”, mas na época aquele tipo de som era realmente considerado “heavy metal”), que tive a oportunidade de ouvir pela primeira vez o som folk/country de Júlio Reny, um dos artistas que obteve bastante repercussão a partir do espaço aberto pela rádio. Barão rodava uma fita cassete gravada por Júlio, do qual o principal hit era “Cine Marabá”, e que Júlio mais recentemente relançou em forma de CD. 

Barão realmente foi uma figura fundamental para o surgimento e o incremento da cena roqueira gaúcha daquele período, uma vez que, além de toda a força que dava em seu programa na rádio, produziu o disco “Rock Garagem I”, um antológico LP “pau-de-sebo” reunindo diversas bandas que estavam surgindo no cenário portoalegrense. No disco“Rock Garagem”, longe de apresentar um panorama monocórdio, Barão selecionou bandas de diversos estilos então em voga no cenário do rock gaúcho: 





rock “stoneano” (Taranatiriça/ Garotos da Rua), new wave/punk (Urubu Rei), punk (Fluxo/ Frutos da Crise/ Replicantes), blues (Moreirinha e os seus suspiram blues), e metal (Valhala/ Leviaethan/ Astaroth). Além disso, Barão esteve à frente de uma das principais casas de shows que abriram espaço para o rock gaúcho e nacional dos anos 80, o Taj Mahal. O Taj Mahal ficava na avenida Farrapos, tradicional região de Porto Alegre em que é exercido o comércio sexual (antes, no local, funcionava um “cabaré/boate”), sendo que, inclusive era comum o pessoal, depois dos shows, atirar-se na piscina que havia no pátio interno, e que foi construída pelos proprietários antecessores naturalmente para o deleite dos clientes das “garotas de programa”. Depois que a casa encerrou suas atividades, o local voltou a abrigar negócios voltados à sua destinação “tradicional”. Lá eu vi, por exemplo, um show da banda argentina de hard-rock Dragon, que fez boa fama na capital gaúcha (fui também no show da banda no Araújo Vianna, ao lado da paulista Patrulha do Espaço, em sua fase posterior àquela em que acompanhou Arnaldo Baptista, dos Mutantes), sendo que o baixista gaúcho Mitch Marini chegou a assumir o contrabaixo da formação portenha, dentre muitos outros shows-festa que lá aconteciam, sempre com a casa lotada. 
  

 

 Já no LP Rock Garagem II, que também saiu pela ACIT, em 1985, predominaram os grupos punk, tais como Os Eles, Produto Urbano, Prize, Os Bonitos, e Atahualpa e os Panques. Mas também teve rock humor new wave (com a Banda de Banda, do genial Cláudio Spritzer, que, além de músico, é cartunista e editor do clássico jornal de cartum “Hienas”), e metal, com Spartacus e Câmbio Negro. 

Em 1993 saiu, ainda, o 3º volume, mas pela gravadora Nova Trilha, e com produção de Miguel Castilhos, dentre outros, mas aí já foi enfocada a geração “90” do rock gaúcho, que focaremos em outra oportunidade.
 

Com a consolidação da equipe da Ipanema FM, especialmente com Kátia Suman, Mery Mezzari, Barão, Mauro Borba e Newton Fernando, dentre outros, conforme se disse, a rádio foi ficando cada vez mais identificada como espaço privilegiado do rock sulino, embora boa parte do “mainstream” desta cena aos poucos já encontrasse repercussão em outras emissoras, consideradas mais comerciais, como a Atlântida FM e a Cidade FM. A Ipanema “clássica” seguidamente é referida como uma estação de rádio que guarda várias semelhanças com o papel desempenhado pela também inovadora “Fluminense FM”, a“maldita”, do Rio de Janeiro. Nos anos 2000, contudo, esta identificação imediata da rádio com o rock já não ficou mais tão evidenciada, ao menos na opinião de alguns“ipanêmicos” fiéis e juramentados. 


Em termos de abertura do mercado nacional às bandas gaúchas, foi fundamental o lançamento do LP “Rock Grande do Sul” (de 1986), produzido por Tadeu Valério para a RCA/BMG, que veio a Porto Alegre para assistir ao Festival de Rock do Unificado (cursinho pré-vestibular), realizado no Gigantinho. Neste disco, gravaram Engenheiros do Hawaii, Replicantes, TNT, Garotos da Rua e De Falla. Com a boa repercussão do disco, estas bandas foram convidadas a gravar seus discos “solo” pela “major”, tornando-se os principais representantes do rock gaúcho da década de oitenta em termos de sucesso comercial e repercussão nacional. 

  

 

 Nesta leva, “Os Eles” também lançaram 2 LPs, um deles pela Polygram, sendo que, de seus membros, Régis Dubin participou posteriormente da banda de “surf music” “Off The Wall”, e Léo Henkin atualmente integra a “Papas da Língua”. A “Banda de Banda” também lançou um compacto (com o seu clássico “cheese galinha”). 

  

Em 1988, estreou em disco (da BMG, pelo selo Plug) a banda “Nenhum de Nós”, que, juntamente com os Engenheiros, são as bandas de maior sucesso comercial dentre aquelas surgidas na cena gaúcha dos anos 80.

  

 

 Além de lançar os discos já mencionados, a ACIT (gravadora originária de Caxias do Sul, e que se instalou posteriormente em Porto Alegre na antiga sede da ISAEC, e, mais tarde, criou o selo Antídoto, voltado ao pop rock gaúcho) lançou alguns LPs de bandas importantes da cena local, como o “Taranatiriça” e a “Colarinhos Caóticos”. Na coletânea “Projeto 1”, a Acit enfocou as bandas: Paralelo 30, Portal da Cor, Metrópole e Apollus Band.
  

 

 Outro LP “pau-de-sebo” importante lançado em âmbito nacional foi o “Rio Grande do Rock”, de 1987. Bandas como Prize, Apartheid, Fluxo, Cascavelletes, Justa Causa e Júlio Reny apareceram nesta compilação.
  


 


 A Rosa Tattoada, criada em 1988, lançou o seu primeiro disco por uma “major” já nos anos 90, sendo uma das principais bandas gaúchas do início da nova década. 

A RBS discos também lançou algumas “bolachas” do gênero, como o da “Bandabsurda”, formação que reunia músicos que fizeram parte do grupo de MPB com influências de rock “Couro, Cordas e Cantos”. Já nos anos 90, saiu por este selo o primeiro disco da “Cidadão Quem”, banda formada pelos “oitentistas” Duca Leindecker (que antes foi guitarrista da Bandaliera, e lançou um LP “solo” pela ACIT, ainda nos 80), e Cau Hafner (baterista do Taranatiriça, tragicamente falecido em um acidente em salto de pára-quedas), mais Luciano Leindecker no baixo. 

  

 


 O disco do “Circuito do Rock”, festival organizado pela RBS em âmbito estadual, em LP produzido por Ayrton dos Anjos, contém gravações das bandas: Procurado Vulgo, 525, Cinzas, Fluxo M, Surubanda, Espelho das Águas, Apocalypse, Banda Absurda, Fuga, Sócios do Silêncio e Prole Proibida. 

Além dos discos lançados por grandes gravadoras e selos maiores, algumas bandas chegaram a lançar seus discos independentes e por selos menores, tais como as gravadoras “Nova Trilha” e “Pealo”. De fato, um lançamento importante do período foi o LP “Porto Alegre Rock”, registrando o som de Byzarro, Fughetti Luz, Lionel Gomes, Bandaliera, Astaroth, Sodoma, V2, Vôo Livre e Pupilas Dilatadas. Este disco mesclou bandas e artistas célebres da cena setentista com bandas então novas. Vale destacar também os discos lançados por bandas como Justa Causa, Ato de Criação, Astaroth, Geração Perdida, Estado das Coisas, Guerrilheiro Antinuclear (recheado de canções de Fughetti Luz, do Liverpool e Bixo da Seda), Câmbio Negro, Vôo Livre, Paolo Casarin, Júlio Reny e Expresso Oriente, Bandida, Apocalypse, Procurado Vulgo, Graforréia Xilarmônica, Aristhóteles de Ananias Jr., Bando de Sandino, Bandaliera, dentre várias outras. 

  



Neste esquema mais independente foi lançado o disco da “Barata Oriental”, banda de Nenung, atualmente na “The Darma Lovers”, e da “Geração Perdida”. Também a banda“K 30” (do amigo e baterista Jorge Kazado, dono do estúdio homônimo, em que gravei a maior parte do meu primeiro CD, em 1995/96) lançou um LP independente em 1988, obtendo boa projeção. Vale destacar também os discos lançados por bandas como Justa Causa, Ato de Criação, Astaroth, Geração Perdida, Estado das Coisas, Guerrilheiro Antinuclear (recheado de canções de Fughetti Luz, do Liverpool e Bixo da Seda), Câmbio Negro, Vôo Livre, Paolo Casarin, Júlio Reny e Expresso Oriente, Bandida, Apocalypse, Procurado Vulgo, Graforréia Xilarmônica, Aristhóteles de Ananias Jr., Bando de Sandino, Bandaliera, dentre várias outras. 

  



No LP “Geração Rock”, do selo Som Art, foram gravadas as bandas: Borboleta Negra, Quarto Poder, Bad Flowers, Silêncio Oculto, Última Gota, Rockanalha, Arte e Manha, Cinema, Puberdade, Hedera Helix, Silueta Sonora e Criado Mudo. 



 

 O apresentador Bibo Nunes,( foto acima ) que atualmente exibe o seu programa à noite na Ulbra TV, produziu dois discos importantes para o rock gaúcho dos 80, “O Som do Sul”I e II. No primeiro, gravaram as bandas: MHZ, Liberdade Condicional, Agentes da KGB, Thule, Choque Térmico, Inovação, Farol, Porcos do Espaço, Paranóia, Os Rebeldes, Transe e Iskar. No volume 2, foi a vez das bandas Capitães de Areia, Logos, 525, Vergonha da Família, Rivais da Capital, Guerrilheiro Anti nuclear, Êxito Letal, Retrato Falado, Fluxo M, Luta, e Zabrinskie. 

Lory F. (irmã da também cantora Laura Finocchiaro e da atriz Déborah Finocchiaro), infelizmente falecida, só deixou um CD lançado postumamente, . 


Várias das capas dos discos que mencionamos podem ser vistas no meu bloghttp://bandasdorockgauchoforever.musicblog.com.br, em fotos que eu (toscamente, é bem verdade, rss) tirei e postei.
 

Outras bandas, ainda, marcaram forte presença na cena gaúcha do período, tais como Tinta Neutra, Brick Brothers, Os Totais, Irmãos Brothers, Holandês Voador, Lorenzo Y La nota falsa, Rabo de Galo, Abelha Rainha, Pére Lachaise, Frutos da Crise, Barba Ruiva e os Corsários, Carqueja, Bandaneon, Elétrika Tribo, O Beco, Bandaneon, Armaggedon, Auge Perplexo, Panic, Gladiator, Leviaethan, Pupilas Dilatadas, Porcos de Escort, Jack e os Estripadores, Insanidade, Frutos da Crise, dentre várias outras. 


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Em termos de televisão, ganhou grande destaque na época o “Programa Pra Começo de Conversa”, da TVE, que era inicialmente apresentado por Cunha Jr., e que depois foi substituído por Peninha. Neste programa rolavam apresentações de muitas bandas e artistas gaúchos que estão vicejavam na cena local. Eu mesmo fui à gravação de um programa especial de aniversário gravado no Teatro do Museu do Trabalho, lá no final da Rua da Praia, reunindo diversas bandas do rock gaúcho de então. 

 Peninha 

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Cabe enfatizar, como mudança significativa no cenário dos anos 80 em relação ao que ocorria nos anos 70 - em que a quase totalidade dos shows de rock aconteciam em teatros ou no auditório Araújo Vianna ( foto abaixo )




 o fato de que a então nova cena roqueira encontrou desaguadouro em bares e danceterias que foram surgindo na capital gaúcha voltados especificamente ao público jovem. Assim, a produção roqueira escoou por um verdadeiro circuito de casas noturnas, não obstante os teatros (de Câmara, Leopoldina-Ospa, Presidente, Renascença – Álvaro Moreira, da Terreira da Tribo) e o auditório Araújo Vianna continuarem sendo utilizados pelos roqueiros para shows. Locais como Bar Ocidente, Porto de Elis, Theatro Mágico, Escaler (que também abriu um circo ao lado do Gigantinho, no estilo do Circo Voador do Rio, O“Escaler Voador”), Ovo de Colombo, Fim de Século, Ópera Rock, Kafka Bar (depois, no mesmo espaço, funcionaram a Hooters, o Zappa, e, atualmente, o Bodega), Cord, Villa, Publicitá Café, Elo Perdido, Kilt, Theatro & Cia., Opinião (que começou sendo um bar de MPB, no início dos 80, ainda quando ficava embaixo de um prédio, na rua Joaquim Nabuco), Rocket 88 (bar de que Mutuca era proprietário), dentre outros diversos locais, deram vazão à grande produção roqueira portoalegrense. Outros botecos “clássicos”reuniam a galera jovem, como o Bar João, o Lola, o Bar do Beto, o Luar Luar, o Feito à mão, a Lancheria do Parque, o Cais, todos no Bom Fim (havia outros também cujo nome não me recordo, como um que ficava localizado no andar de cima da imobiliária Adacon e um outrp na rua Fernandes Vieira).
 Na Cidade Baixa, o Marcelina, o Zelig, o Pecados Mortaes, o Caminho de Casa, o Doce Vida, embora fossem mais voltados ao pessoal da “MPB”, também congregavam alguns roqueiros. Ainda, várias discotecas que haviam surgido no “Portinho” a partir dos meados dos anos 70, foram “convertidas” em danceterias, de forma a se “atualizarem” junto aos públicos adolescente e jovem, como foi o caso da Looking Glass, que virou “New Looking” (hoje, no mesmo local, na rua Marcílio Dias, Menino Deus, funciona a boate GLS Refúgiu’s), a Crocodilo’s, o Encouraçado 936 (Butikin), a Juliu’s, a Discoate. Quanto aos clubes, houve uma certa segmentação: ao invés de as festas ocorrerem na forma como era comum nos anos 60, e boa parte dos 70, em que os pais e os filhos compareciam no mesmo evento, o esquema mais comum nos anos 80 foi aquele que já vinha surgindo fortemente ao final da década anterior, ou seja, o da segmentação. Geralmente, à exceção de bailes de debutantes e formaturas, os clubes promoviam “jantar-baile” ou “jantar-dançante” para os “coroas”, com música romântica, ao passo que a gurizada tinha as suas próprias “festas-show”, em que os “velhos” não entravam (no máximo largavam os filhos nas portas dos clubes), nas quais era comum uma banda do nascente cenário roqueiro local abrir o show de outra “nacional”. Muitas destas festas eram organizadas por produtores ou radialistas de alguma forma ligados às rádios. 

 

Bandas como Blitz, Paralamas, Legião Urbana, Ira, Barão Vermelho, Kid Abelha, participaram de diversos eventos deste tipo, abrindo geralmente espaço, antes de se apresentar, para as bandas gaúchas. De fato, muitas festas neste formato rolaram em clubes como Petrópole Tênis Clube, Grêmio Náutico União, Sogipa, Grêmio Náutico Gaúcho, Leopoldina Juvenil, dentre tantos outros. 

  

Como fecho destes apontamentos, cabe enfatizar novamente que, paralelamente ao mainstream formado por várias das bandas mencionadas, que estavam então no topo de sua popularidade, foi se consolidando aos poucos uma consistente cena alternativa em Porto Alegre, que, com o tempo, desaguou no cenário atual, que é de grande vitalidade.





fonte:  http://www.overmundo.com.br

Jogar Super Trunfo Online

O que é Super Trunfo?

Super Trunfo é um jogo de cartas distribuídos no Brasil pela Grow. Muito popular nos anos 80, basicamente, o objetivo do jogo é conquistar todas as cartas do seu adversário. O jogo é inspirado em cartas temáticas (carros, animais, etc). Tradicionalmente são 32 cartas divididas em 8 grupos de 4 cartas. Cada carta lista uma série de qualidades numéricas, o jogador deve escolher uma das qualidades e comparar com a dos adversários, quem tiver o maior número ganha as cartas da rodada. Uma das cartas é chamada Super Trunfo e ganha de todas as outras exceto, geralmente, daquelas classificadas no grupo A. O jogo é baseado no similar inglês TopTrumps. Para ver as cartas comercializadas pela Grow, clique [aqui]. Mais informações, consulte aWikipedia.

Como faço para jogar Super Trunfo online?

O site que permite jogar o Super Trunfo oficial online - GameTrack - é pago. Entretanto, há alternativas genéricas. Veja abaixo algumas sugestões:

Super Trunfo de Pilotos da Fórmula 1 [link atualizado]

Super Trunfo de Equipes da Fórmula 1 [link atualizado]

Super Trunfo dos Transformers

Super Trunfo dos Transformers II

Top Trumps com Personagens da Disney - em inglês

Super Trunfo Volkswagen

Super Trunfo dos Cavaleiros do Zodíaco

Super Trunfo dos Incríveis - em inglês

Se Você conhece outras opções gratuitas e genéricas de Super Trunfo, deixe nos comentários.

Jogos de Verão - California Games (Master System, 1989)


Ah, o verão! Sal, sol, calor - época de praia, de garotas de biquini, banhos de mar e esportes, certo? Ok, eu sei que exercícios físicos cansam e dão trabalho, mas não se preocupe, California Games é a resposta pra quem fazer alguns esportes radicais no litoral sem passar trabalho.


California Games fez bastante sucesso no mundo todo e no Brasil não foi diferente. A principal razão do sucesso do jogo por aqui se deve ao fato de que o California Games do Master System é uma das melhores versões do jogo e o fato de que o Brasil é tranqüilamente o lugar do mundo onde o Master System mais fez sucesso. Lançado pela nossa Tec Toy com o título de Jogos de Verão, California Games se tornou um hit do Master e um dos jogos mais lembrados daquela época. No começo dos anos 90, o sucesso do jogo chegou a levar a Tec Toy a lançar uma edição do Master System que vinha acompanhada do “Jogos de Verão”.



Apesar de, no nosso país, California Games sempre ter sido considerado basicamente como “um jogo do Master System”, o game na verdade foi originalmente lançado em 1987 para os microcomputadores Apple II e Commodore 64. A boa receptividade fez com que o jogo fosse convertido para tudo o que era máquina de rodar games da época – Amiga, Atari ST, Lynx, PC-DOS, ZX Spectrum, Nintendo 8-bits, Mega Drive e – pasmem! – até para o já então jurássico Atari 2600. De qualquer forma, existe um certo consenso de que a versão do Master é uma das melhores. Para vocês terem uma ideia, ela é geralmente considerada superior à versão do Mega Drive, apesar desta ter gráficos bem melhores.

Um ponto particularmente positivo do California Games do Master System é que essa versão conseguiu capturar, através de seus gráficos e cores, a atmosfera “praiana” que dá alma ao jogo. Outras versões, por vezes, em decorrência das limitações de hardware das plataformas, acabaram falhando nesse quesito da ambientação. A qualidade do hardware do Master em relação a outras máquinas de 8-bits falou alto em California Games.

Uma coisa que poucos sabem é que California Games não foi propriamente um título “isolado”, mas sim apenas mais um game numa série de oito títulos esportivos lançados pela desenvolvedora Epyx entre 1984 e 1990. O último destes jogos foi precisamente California Games 2, uma continuação para o mais bem sucedido título da série esportiva da empresa. Apesar disso, a continuação não conseguiu repetir o mesmo sucesso do original.

California Games consiste em seis modalidades esportivas: Half Pipe (skate numa rampa), Foot Bag (um excêntrico jogo de embaixadinhas com uma bolinha de pingue-pongue), Surfing (precisa explicar?), Skating (patins no calçadão da praia), BMX (bicicross) e Flying Disk (arremesso de disco). Um grande barato do jogo é que você pode jogar sozinho ou com até oito pessoas, cada uma jogando na sua vez e registrando seu recorde. Além do número de jogadores, também é possível competir em apenas uma modalidade, em várias ou em todas. Em outras palavras, California Games é um ótimo jogo para fazer competições com os amigos.


Apesar da qualidade do jogo, não dá pra deixar de observar alguns problemas em California Games. O primeiro deles é o fator frustração. Cada modalidade possui uma jogabilidade específica, com comandos próprios, e às vezes não é fácil descobrir como dominar cada uma. Eu sei que hoje é muito fácil descobrir tudo isso na internet, mas estou procurando avaliá-lo não pela minha visão de 2011, mas sim pelas impressões que o jogo me causava na época em que eu o jogava com mais habitualidade, ali por volta de 1994/1995. Até hoje eu não consegui compreender direito como funciona o Half Pipe e nunca consegui fazer um score realmente bom no Surfing, embora sempre tenha sido uma das minhas modalidades favoritas. Mas, depois que vi o videoreview de Winter Games feito pelo Angry Videogame Nerd, creio que uma pitada de má-jogabilidade é uma coisa constante em todos os títulos esportivos da Enyx.

A qualidade de cada modalidade específica acaba tornando California Games um jogo bastante irregular. Skating tem gráficos ótimos e talvez a melhor jogabilidade entre todas as modalidades. BMX tem bons gráficos mas a jogabilidade já não é tão boa. Surfing é talvez a modalidade de maior apelo visual, mas a jogabilidade é extremamente limitada e um pouco frustrante. Já Flying Disk e Foot Bag são “paradas” e burocráticas demais, mas pelo menos a jogabilidade é mais intuitiva.

Apesar dos seus defeitos, California Games é um clássico absoluto do Master System, um orgulho para a biblioteca de jogos do console, já que sua versão botava as outras no chinelo e, junto com o clássico Out Run, um dos games “praianos” mais interessantes já feitos até hoje. Você não pode ter um verdadeiro verão retrogamer sem jogá-lo, nem que seja para descobrir que, como diz a letra daquela velha música dos Replicantes, você "não surfa nada"!

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Imcosul

A Loja que está do lado da gente.
Grande rede de loja de departamentos. A Imcosul  foi vendida ao Grupo Maisonave, que fechou 47 filiais.
Campanha de verão em janeiro de 1976 da Imcosul:
"Imcosal, Imcosol, Imcosul"





Hipo Imcosul

O grande magazine da Imcosul, tinha um hipopotamo como gimmick. O prédio da antiga rede de lojas Imcosul, o Hipo Imcosul, o prédio de 5 andares (+) subsolo com escada rolante em todos os andares, abriga lojas de confecções e artigos diversos pronta entrega, com entrada pelas ruas Voluntários da Pátria, Dr. Flores, Senhor dos Passos.

domingo, 15 de junho de 2014

Brandãos

Tradicional loja em ume pequena galeria na avenida Benjamin Constant, que vendia moda surf , as famosas camisetas Tube, camisas de pelúcia e botas de nobuque com fecho lateral, na época o máximo.

Lojas Arno

A história da Lojas Arno começou em 1954, em Caxias do Sul, com o casal Antonio Arno Palavro e Jandira Frizzo Palavro, que montaram um pequeno estabelecimento comercial para vender máquinas de costura. Até 1999, a empresa manteve um perfil de loja de eletrodomésticos local, com poucas filiais fora de Caxias do Sul. A filosofia mudou no ano 2000, com o lançamento de nova logomarca e uma postura mais agressiva para conquistar novos mercados. Até 1996, ela possuía apenas 12 endereços e parecia estagnada. Mas de lá para cá muita coisa mudou. 


A empresa passou por uma revolução recentemente e em 2001 já contava com 46 lojas de eletrodomésticos, eletroeletrônicos, bazar, móveis e equipamentos de informática. Ela cresceu, modernizou-se e passou a se preocupar pra valer com seus funcionários.


Apesar de ainda ficar devendo na área de benefícios, as pessoas sentem-se felizes e orgulhosas por trabalhar numa das Lojas Arno. Os funcionários acreditam ser parte de uma grande família. A empresa investe em treinamento e procura fazer com que os funcionários se sintam bem.


 Chega a disponibilizar acompanhamento psicológico gratuito para todos.
Apesar de se tratar de uma empresa familiar, os funcionários enxergam oportunidades de crescimento.



As lojas Arno de Caxias do Sul, que em agosto de 2007 comemoram 50 anos de atividade, foram compradas pelo Magazine Luiza. O valor não foi revelado. Os funcionários e as 51 unidades das lojas Arno serão mantidas pelo Grupo Luiza, bem como todo o seu projeto de expansão no Rio Grande do Sul. Por um período indeterminado será mantida a marca Lojas Arno. Entre os benefícios implantados pelo Magazine Luiza, os clientes do Rio Grande do Sul poderão contar com os serviços de crédito da financeira LuizaCred, e assim terminou a enganação.


As Brasileiras

Loja de tecidos e confecções, duas loja uma na rua Uruguai, e outro no Kastelão da José de Alencar.

Tinha uma Banana Split Maravilhosa!
As Lojas Brasileiras em Porto Alegre tinha três lojas na rua dos Andradas ao lado das Lojas Americanas (atual Marisa), rua Vigário José Inácio (atual shopping popular) e avenida Assis Brasil (atual  Linna).

As Lojas Brasileiras (Lobras) foram uma tradicional rede de lojas de departamentos e variedades.
Encerrou as operações em 1999 após uma série de prejuízos que vinham ocorrendo desde 1996.
Possuia 63 lojas espalhadas por vinte estados do Brasil.
Lojas Marisa, a qual pertence à mesma família, ocupou as lojas próprias da rede Brasileiras e as demais foram entregues.

sábado, 14 de junho de 2014

Lojas Arapuã


Em concordata desde junho de 1998 e sob ameaça de falência por não ter pago a primeira parcela de sua dívida vencida, a cadeia de lojas controlada pela família Simeira Jacob tenta convencer todos os seus credores a aderir a um plano de reestruturação diferente, que pode abrir nova brecha na Lei de Falências, de 1945. Abre um fôlego para que a rede, com 186 lojas e 2.700 funcionários, continue a operar.
O Banco Fenícia, hoje, está em processo de fechamento, mas sem nenhuma intervenção do Banco Central.
Além do banco e das Lojas Arapuã, a família Simeira Jacob tinha até o início do ano passado a fábrica de chocolates Neugebauer e a Etti, além da construtora Lótus. A construtora permanece com a família. Neugebauer e Etti foram vendidas. A Neugebauer foi repassada pelo valor de sua dívida. Os Simeira Jacob não receberam nada. Pela Etti, a família recebeu R$ 60 milhões da Parmalat italiana e repassou o valor para as Lojas Arapuã.
A vida da família também mudou. Jorge Simeira Jacob saiu de sua casa de 1.500 metros quadrados na Chácara Flora (Zona Sul de São Paulo), onde vivia com a família desde 1976, e mudou-se para outra casa quase dez vezes menor. Renato Jacob, que agora preside a Arapuã 2, diz que não vai a festas ou restaurantes badalados. “Nossa diversão é jogar tênis nos finais de semana”, afirma Renato. O pai, Jorge, deixou a presidência do Instituto Liberal.
O que aconteceu para a Arapuã sair de um lucro de R$ 160 milhões em 1996, um ano depois de abrir o capital e começar a negociar suas ações em Nova York, para um prejuízo de R$ 264 milhões no ano seguinte? Renato Jacob diz que foram vários fatores, mas sobretudo a inadimplência. Dos R$ 3 bilhões em créditos concedidos pela Arapuã entre 1995 e 1998, R$ 550 milhões deixaram de ser pagos. E tudo se agravou porque a Arapuã entregava para os bancos (inclusive para a Feniciapar, subsidiária do Banco Fenícia) os créditos a receber dos clientes e pegava o dinheiro antecipadamente. Mas se comprometia a cobrir qualquer inadimplência. No balanço de 1997, por exemplo, aparecem R$ 580 milhões de contas a receber de clientes e uma provisão para devedores de R$ 313 milhões, metade da carteira registrada no final do ano anterior. Tudo indica que a empresa – pioneira, desde 1967, em Crédito Direto ao Consumidor – não soube emprestar com eficiência quando o mercado entrou em expansão. Renato Jacob admite que também foi um erro ter entrado na guerra de preços e prazos.



Empresário filho tirou a loja do pai da falência e deu início à Arapuã

Esta não é a primeira vez que Jorge Simeira Jacob, fundador do grupo Fenícia e das Lojas Arapuã, enfrenta um processo pré-falimentar. Há 48 anos, quando tinha apenas 17 anos de idade, Simeira Jacob recebeu a visita de um advogado para comunicar-lhe um pedido de falência contra a empresa que herdara do pai: a loja de tecidos Nossa Senhora Apparecida, na cidade de Lins, no interior de São Paulo. Passou a noite em claro, mas levantou da cama no dia seguinte com a solução. Estava decidido a procurar o juiz e oferecer o pagamento de 50% de suas dívidas. Com aval dos credores, o juiz desbloqueou a conta bancária do menor. Equacionado o problema, Simeira Jacob deu início à expansão. Em 1957 inaugurou a segunda loja em Lins, seguida de outra fora da cidade. Foi quando percebeu a necessidade de mudar a razão social da empresa e também o ramo de atividade. Nascia ali a Arapuã, que chegou a registrar vendas brutas superiores a R$ 2 bilhões.



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